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Os Nefilim - Povo dos Foguetes Faiscantes 9 страница



 

É evidente que ele podia voar. Mas também qualquer homem hoje em dia o pode fazer se tomar um avião, ou qualquer astronauta que viaje numa nave espacial. Ninurta também podia voar tão habilidosamente como Zu (talvez mesmo melhor). Mas ele próprio não era um pássaro fosse de que tipo fosse, como retratam abundantemente as suas muitas descrições (por ele próprio ou pela sua consorte BA.U, também chamada GU.LA). Muito pelo contrário, ele executava seu vôo com a ajuda de um notável “pássaro", que mantinha guardado em seu recinto sagrado (o GIR.SU) na cidade de Lagash.

 

Nem sequer Zu era um "pássaro". Aparentemente ele tinha à sua disposição um "pássaro" no qual podia fugir voando até o esconderijo. Foi do interior destes "pássaros" que a batalha do céu entre os dois deuses teve lugar. E não podem restar dúvidas relativas à natureza da arma que finalmente liquidou o "pássaro" de Zu. Chamado TIL em sumério e til­-lum em assírio, e devia querer dizer o que til significa hoje em dia em hebraico: "míssil".

Zu, então, era um deus, um dos deuses que tinha razões para planejar a usurpação dos poderes de Enlil, um deus com quem Ninurta, como legítimo sucessor, tinha todos os motivos para lutar.

 

Seria ele, talvez, MAR.DUK ("filho do puro morro"), o primogênito de Enki com sua mulher DAM.KI.NA, impaciente o suficiente para tomar por um ardil aquilo que não lhe pertencia legalmente?

 

Há razões para crer que, não tendo conseguido um filho com sua irmã e produzido deste modo um competidor legal para o reino de Enlil, Enki confiou a tarefa a seu filho Marduk. De fato, quando o antigo Oriente Médio foi tomado por grandes sublevações sociais e militares no início do 2º. milênio a.C., Marduk foi elevado na Babilônia à categoria de deus nacional da Suméria e da Acádia. Marduk foi proclamado rei dos deuses, substituindo Enlil, e aos outros deuses foi exigido que lhe jurassem fidelidade e viessem residir na Babilônia, onde suas atividades podiam ser facilmente supervisionadas.

 

Esta usurpação do reino de Enlil (muito tempo depois do incidente com Zu) foi acompanhada por um esforço extensivo dos babilônios para falsificar os textos antigos. Os mais importantes textos foram reescritos e alterados de forma a fazer de Marduk o Senhor dos Céus, o Criador, o Benfeitor, o Herói, em lugar de Anu ou Enlil ou até Ninurta. Entre os textos alterados figurava o "Conto de Zu", e, de acordo com a versão babilônica, Marduk (e não Ninurta) lutou com Zu. Nesta versão, Marduk clama: "Mahasti moh il Zu" ("Eu esmaguei o esqueleto do deus Zu"). Como fica evidente, então, Zu não podia ter sido Marduk.

Nem pareceria plausível que Enki, "Deus das Ciências", tivesse ensinado Ninurta tendo em vista a escolha e o uso das armas vitoriosas contra seu próprio filho Marduk. Enki, a julgar por seu comportamento, assim como por sua urgência em dizer a Ninurta para "cortar a garganta de Zu", esperava ganhar algo com a luta, não importa quem fosse o vencido. A única conclusão lógica é que também Zu era, de algum modo, um candidato legal ao reino de Enlil.

Isto sugere apenas um deus: Nanna, o primogênito de Enlil com sua consorte oficial Ninlil, porque, se Ninurta fosse eliminado, Nanna estaria na pista desobstruída da sucessão.

Nanna (diminutivo para NAR.NAR, "o brilhante") chegou até nós, através dos anos, em seu nome acádio (ou "semita") mais conhecido – Sin.

Como primogênito de Enlil, a ele era garantida a soberania sobre a mais famosa cidade-Estado da Suméria, UR ("A Cidade"). Seu templo chamava­-se E.GISH.NU.GAL ("casa da semente do trono"). Dessa residência, Nanna e sua esposa NIN.GAL ("grande senhora") conduziam os negócios da cidade e do seu povo com grande benevolência. O povo de Ur retribuía aos governantes divinos com grande afeição, chamando seu deus de "Pai Nanna" e outros nomes carinhosos.

A prosperidade de Ur foi atribuída pelo seu povo diretamente a Nanna. Shulgi, um governante de Ur (pela graça de deus) no 3º. milênio a.C., descreveu a "casa" de Nanna como "um grande lugar cheio de abundância", um "copioso local de ofertas de pão", onde as ovelhas se multiplicavam e os bois eram abatidos, um local de música doce onde soavam tambores e tamborins.

Sob a administração do deus protetor Nanna, Ur tornou-se o celeiro da Suméria, a fornecedora de cereais e de ovelhas e gado a outros templos por toda a parte. Um "Lamento da Destruição de Ur" informa-nos (pela forma negativa) de como era Ur antes de sua decadência:

 

Nos celeiros de Nanna não havia cereal.

As refeições da tarde dos deuses foram suprimidas;

Em suas grandes salas de jantar, vinho e mel cessaram...

Em seu supremo forno do templo, já bois e carneiros não são preparados;

O zumbido cessou no grande Lugar de Grilhetas;

Aquela casa onde se gritavam as encomendas de bois ­

Seu silêncio é opressivo...

Seu tormentoso almofariz e pilão estão inertes...

Os barcos de oferendas não trazem oferendas...

Não trazem pão de oferendas a Enlil em Nippur.

O rio de Ur está vazio, nenhuma barcaça aí se move...

Nenhum pé pisa suas margens; longas ervas crescem aí.

 

Outro lamento, deplorando "os currais que foram entregues ao vento", os estábulos abandonados, os pastores que partiram, é extremamente invulgar: não foi escrito pelo povo de Ur, mas pelo próprio deus Nanna e por sua esposa Ningal. Estes e outros lamentos sobre a queda de Ur revelam o trauma de alguns acontecimentos pouco comuns. Os textos sumérios informaram-nos que Nanna e Ningal deixaram a cidade antes que sua decadência fosse completa. Foi uma partida precipitada, descrita de maneira comovente:

 

Nanna, que amava sua cidade, partiu da cidade.

Sin, que amava Ur, não mais ficou em sua casa.

Ningal...

Fugindo de sua cidade através de território inimigo, pôs à pressa uma veste,

E partiu de sua casa.

 

A queda de Ur e o exílio de seus deuses foram descritos nos lamentos como resultado de uma decisão deliberada de Anu e Enlil. Nanna apelou aos dois no sentido de cancelar o castigo.

 

Possa Anu, o rei dos deuses, proferir: "Basta";

Possa Enlil, o rei das terras, decretar um destino favorável!

 

Apelando diretamente para Enlil, Sin trouxe seu coração sofredor ao seu pai; fez uma cortesia perante Enlil, o pai que o gerou, e suplicou-lhe:

 

Ó meu pai que me criaste,

Até quando olharás como inimigo para a minha expiação?

Até quando?..

No oprimido coração que tu fizeste vacilar como uma chama –­

Lança, por favor, uma expressão amigável.

 

Em nenhum lugar os lamentos revelam as causas da ira de Anu e Enlil. Mas, se Nanna era Zu, a punição seria justificável pelo seu crime de usurpação. Seria ele Zu?

Podia certamente tê-lo sido, porque Zu tinha a posse de um tipo qualquer de máquina voadora - o "pássaro" no qual escapou e do qual lutou com Ninurta. Salmos sumérios falavam, com adoração, do "Barco do Céu".

 

Pai Nanna, Senhor de Ur...

Cuja glória no sagrado Barco do Céu é...

Senhor, filho primogênito de Enlil.

Quando ao Barco do Céu tu ascendes,

Tu és glorioso

Enlil adornou tua mão

Com um cetro eterno

Quando sobre Ur ao sagrado Barco tu subiste.

 

Mas há provas adicionais: o outro nome de Nanna, Sin, derivado de SU.EN, que era um modo diferente de pronunciar ZU.EN. O mesmo significado complexo de uma palavra de duas sílabas podia ser obtido colocando as sílabas em qualquer ordem: ZU.EN e EN.ZU eram "espelho" uma da outra. Nana/Sin como ZU.EN não era outro senão EN.ZU ("senhor Zu"). Foi ele, devemos concluir, que tentou tomar o reino de Enlil.

Podemos compreender agora por que é que, a despeito da sugestão de Ea, o senhor Zu (Sin) foi punido, não com a execução, mas com o exílio. Tanto os textos sumérios como as provas arqueológicas indicam que Sin e sua esposa fugiram para Haran, a cidade hurrita protegida por vários rios e terrenos montanhosos. É digno de nota o fato de que, quando o clã de Abraão deixou Ur, conduzido pelo seu pai Terah, dirigiu também sua caravana na direção de Haran, onde ficaram por muitos anos a caminho da Terra Prometida.

Embora Ur permanecesse para todo o sempre uma cidade dedicada a Nanna/Sin, Haran deve ter sido sua residência por um longo período de tempo, uma vez que a fizeram assemelhar-se quase exatamente a Ur, com seus templos, edifícios e ruas. André Parrot (Abraham et son Temps) [Abraão e o seu Tempo] resume as similitudes dizendo que "existem todas as provas de que o culto de Haran não era senão uma réplica exata do de Ur".

Quando o templo de Sin em Haran, construído e reconstruído ao longo dos milênios, foi desenterrado durante escavações que duraram mais de 50 anos, os achados incluíram duas estelas (pilares de pedra de memoriais), nas quais estava inscrito um registro único. Era um registro ditado por Adadguppi, uma alta sacerdotisa de Sin, de como ela rezara e planejara o regresso de Sin, porque em algum momento do passado.

 

 

Sin, o rei de todos os deuses,

Enfureceu-se com sua cidade

E seu templo, e subiu ao céu.

 

Que Sin, desgostoso ou desesperado, tenha "feito as malas" e "subido ao céu" é corroborado por outras inscrições. Estas dizem-nos que o rei assírio Assurbanipal obteve de certos inimigos um sagrado “selo cilíndrico do mais caro jaspe" e melhorou-o "desenhando-lhe uma gravura de Sin". Mais tarde, ele inscreveu na pedra sagrada "um elogio de Sin e dependurou-a à volta do pescoço da imagem de Sin". Aquele selo de pedra de Sin devia ter sido uma relíquia dos velhos tempos, porque mais tarde se afirma que “ele é aquele cuja face foi danificada naqueles dias durante a destruição lavrada pelo inimigo".

Supõe-se que a alta sacerdotisa que nasceu durante o reinado de Assurbanipal fosse ela própria de sangue real. Em seus apelos a Sin, ela propõe um "acordo" prático: a restauração dos poderes de Sin sobre seus adversários em troca da ajuda que prestaria a seu filho Nabunaid para este se tornar governante da Suméria e da Acádia. Registros históricos confirmam que, no ano 555 a.C., Nabunaid, então comandante das armadas babilônicas, foi nomeado pelos seus colegas oficiais para ocupar o trono. Para isto, afirma-se, contribuiu a ajuda direta de Sin. Foi "no primeiro dia do seu aparecimento", informam-nos as inscrições de Nabunaid, que Sin, usando "a arma de Anu", conseguiu "tocar com um feixe de luz" os céus e esmagar os inimigos embaixo na terra.

Nabunaid cumpriu a promessa de sua mãe ao deus. Reconstruiu o templo de Sin, E.HUL.HUL ("casa de grande alegria"), e declarou Sin como Deus Supremo. Foi então que Sin pôde agarrar em suas mãos "o poder do cargo de Anu, empunhou todo o poder do cargo de Enlil, apoderou-se de todo o poder do cargo de Ea - segurando, deste modo, em sua mão todos os celestiais poderes". Derrotando, assim, o usurpador Marduk, capturando mesmo os poderes de Ea, pai de Marduk, Sin assumiu o título de "Crescente Divino" e firmou sua reputação como Deus Lua.

Como conseguiu Sin, que se diz ter voltado aos céus desgostoso, realizar tais feitos de volta à terra?

Nabunaid, confirmando que Sin tinha realmente "esquecido sua zangada disposição... e decidiu regressar ao templo Ehulhul", exigiu um milagre. Um milagre "que não acontecia à terra desde os dias de outrora" tivera lugar. Uma deidade "descera vinda do céu".

 

Este é o grande milagre de Sin,

Que não acontecia na terra

Desde os dias de outrora;

Que o povo da terra

Não vira nem escrevera

Nas barras de argila, para preservar para sempre:

Que Sin,

Senhor de todos os deuses e de todas as deusas,

Residindo nas alturas,

Desceu vindo dos céus.

 

Lamentavelmente, não nos são fornecidos mais detalhes acerca do lugar e modo em que Sin aterrissou. Mas sabemos que foi nos campos fora de Haran que Jacó, no seu caminho para Canaã para encontrar uma noiva "na velha região", viu "uma escada fixada no solo e cujo topo se erguia em direção aos céus e havia anjos do Senhor subindo e descendo por ela ".

 

Ao mesmo tempo que Nabunaid restaurava os poderes e os templos de Nanna/Sin, restaurou também os templos e a adoração dos dois filhos gêmeos de Sin: IN.ANNA ("senhora de Anu") e UTU ("o brilhante").

Os dois nasceram de Sin e sua esposa oficial Ningal, e eram, deste modo, membros por nascimento da dinastia divina. Inanna era tecnicamente a primogênita, mas seu irmão gêmeo Utu era o filho primogênito e assim o herdeiro dinástico legal. Ao contrário da rivalidade que existiu em circunstâncias semelhantes entre Esaú e Jacó, as duas crianças divinas cresceram muito afeiçoadas uma à outra. Partilharam experiências e aventuras, auxiliavam-se mutuamente, e quando Inanna teve de escolher um marido entre dois deuses, voltou-se para seu irmão em busca de conselho.

Inanna e Utu nasceram em tempos imemoriais, quando apenas os deuses habitavam a Terra. A cidade-domínio de Utu - Sippar - estava na lista entre as primeiríssimas cidades estabelecidas pelos deuses na Suméria. Nabunaid relatou numa inscrição quando empreendeu a reconstrução do templo de Utu E.BABBARA ("casa brilhante") em Sippar:

 

Eu procurei pela sua antiga plataforma-alicerce,

E cavei dezoito cúbitos no interior do solo.

Utu, o Grande Deus de Ebabbara...

Mostrou-me pessoalmente a plataforma-alicerce

De Naram-Sin, filho de Sargão, que desde há 3.200 anos

Nenhum rei antes de mim vira.

 

Quando floresceu a civilização na Suméria e o homem se juntou aos deuses na "Terra Entre-os-Rios", Utu foi primeiramente associado com a lei e a justiça. Alguns primitivos códigos de leis, além de invocarem Anu e Enlil, eram também apresentados como requisições de aceitamento e aderência porque eram promulgados “em acordo com a verdadeira palavra de Utu". O rei babilônico Hamurabi inscreveu seu código de leis numa estela, no topo da qual se representou o rei recebendo as leis do deus.

 

 

Barras desenterradas em Sippar atestam sua reputação nos tempos antigos como um lugar de justas e corretas leis. Alguns textos descrevem o próprio Utu sentado em julgamento de deuses e igualmente de homens. Sippar era, de fato, a sede da "suprema corte" suméria.

A justiça advogada por Utu lembra a do Sermão da Montanha registrada no Novo Testamento. Uma "barra da sabedoria" sugere o seguinte comportamento para agradar a Utu:

 

Não faças mal ao teu adversário;

Teu malfeitor recompensarás com o bem.

Ao teu inimigo, deixa que seja feita justiça...

Não deixes que teu coração seja induzido para o mal...

Aquele que pede esmola ­

Dá alimento para comer, dá vinho para beber...

Sê útil; faze o bem.

 

Talvez porque ele assegurava a justiça e prevenia a opressão - e talvez também por outras razões como mais tarde veremos, Utu era considerado o protetor dos viajantes. No entanto, os mais comuns e duradouros epípetos aplicados a Utu fazem referência, sobretudo, ao seu esplendor. Desde os mais remotos tempos ele era chamado Babbar ("o brilhante"). Ele era "Utu, que emana uma larga luz", aquele que "ilumina céus e terra".

Hamurabi, em sua inscrição, chamou o deus pelo seu nome acádio, Shamash, que nas línguas semitas significa "Sol". Julgam os estudiosos, desde aí, que Utu/Shamash era o Deus Sol mesopotâmico. Mostraremos, à medida que avançarmos, que, enquanto a este deus era associado o Sol como seu equivalente celestial, havia outro trecho das inscrições em que se dizia que ele "emana uma brilhante luz" quando realiza as tarefas especiais que lhe são confiadas pelo seu avô Enlil.

Tal como os códigos de leis e os registros de corte são testemunhos humanos da real presença entre os antigos povos da Mesopotâmia de uma deidade chamada Utu/Shamash, assim existem inscrições sem fim, textos, encantamentos, oráculos, orações e descrições atestando a presença física e a existência da deusa Inanna, cujo nome acádio era Ishtar. Um rei mesopotâmico do século 13 a.C. afirma que ele reconstruíra o templo da deusa da cidade de seu irmão - Sippar - em alicerces que no tempo tinham 800 anos de existência. Mas em sua cidade central, Uruk, os contos referentes a Ishtar recuam até mais vetustos tempos.

Conhecida pelos romanos como Vênus, pelos gregos como Afrodite, pelos cananitas e hebreus como Astarte, pelos assírios, babilônios, hititas e outros povos antigos como Ishtar ou Eshdar, pelos acádios e sumérios como Inanna, ou Innin, ou Ninni, ou por outros de seus muitos apelidos, diminutivos e epítetos, ela foi em todos os tempos a Deusa da Arte Guerreira e a Deusa do Amor, uma impetuosa e bela mulher que, embora apenas quatrineta de Anu, gravou para si própria, por si própria, um lugar de destaque entre os grandes deuses do céu e da terra.

Como jovem deusa, aparentemente, foi-lhe concedido um domínio numa região longínqua a leste da Suméria, a Terra de Aratta. Era aí que "a Suprema, Inanna, rainha de toda a terra", tinha sua "casa". Mas Inanna tinha ambições mais altas. Na cidade de Uruk estava o grande templo de Anu, ocupado apenas durante suas ocasionais visitas de Estado à terra; e Inanna dirigiu seus olhares para esta sede do poder.

Listas de reis sumérios confirmam que o primeiro governante não divino de Uruk foi Meshkiaggasher, um filho do deus Utu e de uma mãe humana. A ele sucedeu seu filho Enmerkar, um grande rei sumério. Inanna, então, era a tia-avó de Enmerkar, e encontrou poucas dificuldades em persuadi-lo de que ela devia, realmente, ser a deusa de Uruk, de preferência ao remoto Aratta.

Um longo e fascinante texto chamado "Enmerkar e o Senhor de Aratta" descreve como Enmerkar enviou emissários para Aratta, usando todos os argumentos possíveis numa "guerra de nervos" para forçar Aratta a submeter-se porque "o Senhor Enmerkar, que era servo de Inanna, a fizera rainha da casa de Anu". O fim pouco claro da epopéia sugere um final feliz: enquanto Inanna se mudava para Uruk, ela não "abandonou sua Casa em Aratta". Não é totalmente improvável que ela se tivesse tornado uma "deusa viajora", uma vez que Inanna/Ishtar era conhecida de outros textos como uma aventureira viajante.

Sua ocupação do templo de Anu em Uruk não podia ter acontecido sem seu conhecimento e consentimento, e os textos dão-nos idéias definidas sobre o modo como tal consentimento foi obtido. Em breve Inanna foi conhecida por "Anunitum", um diminutivo significando "amada de Anu". Acontece que Inanna partilhava não só o templo, como o leito de Anu sempre que ele vinha a Uruk, ou nas referidas ocasiões de sua ascensão à residência celestial.

Tendo deste modo aberto seu próprio caminho como deusa de Uruk e senhora do templo de Anu, Ishtar continuou a usar truques para elevar a posição de Uruk e aumentar seus próprios poderes. Muito mais longe, descendo o Eufrates ficava a cidade antiga de Eridu, o centro de Enki. Sabendo de seu grande conhecimento de todas as artes e ciências da civilização, Inanna resolveu pedir, fazer empréstimo ou roubar esses segredos. Pretendendo, obviamente, usar seu "encanto pessoal" sobre Enki (seu tio-avô), Inanna procurou visitá-lo sozinha. O fato não passou despercebido a Enki, que ordenou a seu mordomo para preparar jantar para dois.

 

Vem, meu mordomo Isimud, ouve minhas instruções;

Dir-te-ei uma palavra; atende às minhas palavras:

A donzela, completamente sozinha, dirigiu seus passos para o Abzu...

Faz a donzela entrar no Abzu de Eridu,

Dá-lhe bolos de cevada com manteiga para comer,

Serve-lhe a fresca água que refresca o coração,

Dá-lhe cerveja para beber...

 

Feliz e embriagado, Enki estava pronto a fazer o que quer que fosse por Inanna. Quando ela ousadamente lhe pediu as fórmulas divinas, que eram a base de uma alta civilização, Enki concedeu-lhe cerca de cem. Entre estas encontravam-se algumas pertencentes à suprema senhoria, ao reino, às funções sacerdotais, armas, procedimentos legais, profissão-escriba, trabalho em madeira, e até o conhecimento de instrumentos musicais e prostituição do templo. Quando Enki despertou e compreendeu o que fizera, já Inanna estava a caminho de Uruk. Enki ordenou que a perseguissem "intimidantes armas", mas foi em vão, porque Inanna já se apressara para Uruk em seu "Barco dos Céus".

Bastante freqüentemente, Ishtar era representada como uma deusa nua; pavoneando sua beleza, ela era mesmo representada levantando suas saias para revelar as partes inferiores de seu corpo.

 

 

Gilgamesh, um governante de Uruk por volta do ano 2.900 a.C., que era também parcialmente divino (tendo nascido de um pai humano e de uma deusa), relatou como Inanna o seduziu, mesmo depois de ela ter já um esposo oficial. Tendo-se lavado depois de uma batalha e envergado "um manto de fímbrias douradas, apertado com uma faixa".

 

Gloriosa Ishtar ergueu o olhar até a sua beleza.

Vem, Gilgamesh, sê o meu amante!

Vem, concede-me o teu fruto.

Tu serás meu parceiro masculino, eu serei tua mulher.

 

Mas Gilgamesh conhecia a história. "Qual de teus apaixonados amaste para sempre?", perguntou ele. "Qual de teus pastores te agradou para todo o sempre?" Recitando uma longa lista de seus casos amorosos, ele recusou.

À medida que o tempo passava - à medida que assumia mais altas posições no panteão e com elas a responsabilidade de negócios de Estado -, Innana/Ishtar começou a dispor de mais altas qualidades marciais e foi freqüentemente descrita como uma Deusa de Guerra, armada até os dentes.

 

As inscrições deixadas pelos reis assírios descrevem o modo como partiram para a guerra por ela e sob seu comando, como ela os aconselhou diretamente a atacar ou a esperar, como ela às vezes marchava à frente das tropas e como, pelo menos numa ocasião, ela concedeu uma teofania e apareceu perante todas as tropas. Em troca de sua lealdade, prometeu aos reis assírios uma longa vida e sucesso. "De uma câmara dourada nos céus eu olharei por vocês", assegurou-lhes.

Ter-se-ia ela tornado uma amarga guerreira porque também passou por tempos difíceis com a subida de Marduk à supremacia? Numa de suas inscrições, Nabunaid disse: "Inanna de Uruk, a princesa exaltada domiciliada numa célula dourada, que cavalgava num carro de batalha ao qual estavam atrelados sete leões - os habitantes de Uruk mudaram seu culto durante o governo do rei Erba-Marduk, retiraram sua célula e desarmaram sua equipe". Inanna, relata Nabunaid, "tinha, pois, deixado E-Anna zangada, e permaneceu, por esta razão, num local inconveniente" (que ele não nomeia).

 

 

Procurando talvez combinar amor com poder, a cortejadíssima Inanna escolheu para seu marido DU.MU.ZI, filho mais novo de Enki. Muitos dos antigos textos abordam os amores e as disputas dos dois. Alguns trazem canções de amor de grande beleza e vívida sexualidade. Outros contam como Ishtar, regressando de uma de suas viagens, encontrou Dumuzi celebrando sua ausência. Nessa altura, ela planejou sua captura e desaparecimento no Mundo Inferior, um domínio governado pela sua irmã E.RESH.KI.GAL e seu consorte NER.GAL. Alguns dos mais celebrados textos sumérios e acádios falam da viagem de Ishtar até o Mundo Inferior procurando seu amado expulso.

Dos seis filhos conhecidos de Enki, três deles foram retratados em contos sumérios: o primogênito Marduk, que finalmente usurpou a supremacia; Nergal, que se tornou governante do Mundo Inferior, e Dumuzi, que casou com Inanna/Ishtar.

Também Enlil teve três filhos que representaram papéis-chave tanto nos negócios divinos como nos humanos: Ninurta, que, tendo nascido de Enlil e sua irmã Ninhursag, era o legal sucessor; Nanna/Sin, primogênito da esposa oficial de Enlil, Ninlil; e um filho mais novo de Ninlil, chamado ISH.KUR ("montanhoso", "terra das longínquas montanhas"), que era mais freqüentemente chamado Adad ("amado").

Como irmão de Sin e tio de Utu e Inanna, Adad parece ter-se sentido mais à vontade com eles do que em seu próprio lar. Os textos sumérios agrupam constantemente os quatro. As cerimônias ligadas à visita de Anu a Uruk falam também dos quatro como de um grupo. Um texto, descrevendo a entrada na corte de Anu, afirma que se chegava à sala do trono através do "portão de Sin, Shamash, Adad e Ishtar". Outro texto, publicado primeiramente por V. K. Shileiko (Academia Russa de História de Culturas Materiais), descreveu poeticamente os quatro como retirando-se em conjunto para o descanso noturno.

 




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