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Os Nefilim - Povo dos Foguetes Faiscantes 8 страница



Estábulo algum teria sido construído; nenhum curral erigido;

Rei algum teria subido ao trono; nenhum alto sacerdote nascido.

 

Os textos sumérios afirmam também que Enlil chegou à terra antes que o "povo de cabeça preta" - a alcunha suméria para a humanidade ­fosse criado. Durante estes tempos pré-humanidade, Enlil erigiu Nippur como seu centro ou "posto de comando", no qual céu e terra estavam ligados através de um qualquer "elo". Os textos sumérios chamam a este elo DUR.AN.KI ("elo céu-terra") e usam linguagem poética para descrever as primeiras ações de Enlil sobre a terra:

 

Enlil,

Quando tu estabeleceste colônias na terra,

Nippur tu decidiste que seria tua própria cidade.

A Cidade da Terra, a suprema,

O teu puro local cuja água é doce.

Fundaste o Dur-An-Ki

No centro dos quatro cantos do mundo.

 

Nesses dias do princípio, quando apenas os deuses habitavam Nippur e o homem ainda não fora criado, Enlil encontrou a deusa que se tornaria sua mulher. De acordo com uma versão, Enlil viu sua futura noiva enquanto ela se banhava na corrente de Nippur - nua! Foi amor à primeira vista, mas não necessariamente com fins matrimoniais:

 

O pastor Enlil, que decreta os destinos,

O de brilhantes-olhos, viu-a.

O Senhor fala-lhe de amor, mas ela não quer.

Enlil fala-lhe de amor, e ela não quer:

 

Minha vagina é demasiado pequena [diz ela],

Não conhece a cópula;

Meus lábios são demasiado pequenos,

Não conhecem o beijo.

 

Mas Enlil não aceitou o não como resposta, revelando a seu camareiro Nushku o ardente desejo pela "jovem donzela", cujo nome é SUD ("a enfermeira") e que vive com a mãe em E.RESH ("casa perfumada"). Nushku sugeriu então um passeio pelo rio e trouxe um barco. Enlil persuadiu Sud a ir navegar com ele e, uma vez no barco, violentou-a.

A velha lenda relata, em seguida, que, embora Enlil fosse chefe dos deuses, estes ficaram tão irados que o agarraram e expulsaram para o Mundo Inferior! "Enlil, imoral!" - gritaram-lhe. - "Põe-te fora da cidade!" Esta versão diz ainda que Sud, grávida de Enlil, o seguiu, casando com ele depois. Outra versão descreve o arrependido Enlil à procura da moça e enviando seu camareiro à mãe dela para lhe pedir a mão da filha. De uma forma ou de outra, Sud tornou-se mulher de Enlil e ele concedeu-lhe o titulo de NIN.LIL ("Senhora do Espaço").

Mas ele pouco fez; e os deuses sabiam, quando o baniram, que não fora ele que seduzira Ninlil, mas que as coisas se passaram de forma inversa. A verdade é que Ninlil se banhava nua no rio segundo instruções da própria mãe, na esperança de que Enlil, que normalmente dirigia seus passeios para os lados do rio, reparasse em Ninlil e desejasse “sem demora abraçar-te e beijar-te".

A despeito da maneira como os dois se apaixonaram, Ninlil foi tida na mais elevada estima a partir do momento em que Enlil lhe concedeu “as vestes de soberana". Com uma exceção, que (acreditamos) se prendeu a questões de sucessão dinástica, não se conhecem de Enlil outras fugas à fidelidade.

Uma barra votiva encontrada em Nippur mostra Enlil e Ninlil sendo servidos de comer e de beber em seu templo. A barra fora autorizada por Ur-Enlil, o "Criado de Enlil".

 

 

Além de ser chefe dos deuses, Enlil era também considerado como o Senhor Supremo da Suméria (esta última, chamada, por vezes, simplesmente "A Terra") e de seu "povo de cabeça preta". Um salmo sumério fala em veneração ao seu deus do seguinte modo:

 

Senhor que conhece o destino da Terra,

Digno de confiança em sua chamada;

Enlil que conhece o destino da Suméria;

igno de confiança em sua chamada;

Pai, Enlil,

Senhor de todas as terras;

 

Pai Enlil,

Senhor do justo comando;

Pai Enlil,

Pastor dos de cabeça preta...

Da montanha da alvorada à montanha do crepúsculo,

Não há outro Senhor na terra;

Tu só és rei.

 

Os sumérios reverenciavam Enlil tanto por medo, como por gratidão. Ele era quem assegurava que os decretos da assembléia dos deuses se voltassem contra a humanidade; era seu "vento" que soprava obliterando tempestades contra cidades ofensoras. Fora ele que, no tempo do dilúvio, procurara a destruição da humanidade. Mas quando em paz com o gênero humano, era um deus amigável que concedia favores. De acordo com o texto sumério, o conhecimento da agricultura, conjuntamente com o arado e a picareta, foram dádivas de Enlil à humanidade.

Enlil também selecionava os reis que iriam governar a humanidade não como soberanos, mas como servidores do deus incumbido da administração das leis divinas de justiça. Do mesmo modo, os reis sumérios, acádios e babilônios abriram suas inscrições de auto-adoração descrevendo como Enlil os chamara ao poder. Estas "chamadas" - executadas por Enlil em seu próprio interesse e no interesse de seu pai Anu - garantiam legitimidade ao governante e delineavam suas funções. Mesmo Hamurabi, que reconheceu um deus chamado Marduk como o deus nacional da Babilônia, prefaciou seu Código de Leis, afirmando: "Anu e Enlil chamaram-­me para promover o bem-estar do povo... para fazer com que a justiça prevaleça na região".

Deus do Céu e da Terra, Primogênito de Anu, Doador de Poder, Chefe Executivo da Assembléia de Deuses, Pai dos Deuses e dos Homens, Doador da Agricultura, Senhor do Espaço - estes eram alguns dos atributos de Enlil que revelam sua grandeza e poderes. Seu "comando alcançava até longe", suas "sentenças eram imutáveis"; ele "decretava os destinos". Ele possuía o "elo céu-terra" e, da "intimidante cidade de Nippur", podia "levantar os feixes que procuram o coração de todas as terras" - "olhos que podiam esquadrinhar todas as terras".

E, no entanto, ele era tão humano como qualquer jovem homem embevecido por uma beleza nua; estava sujeito a leis morais impostas pela comunidade de deuses, a transgressões puníveis pela expulsão, e nem sequer imune a queixas humanas. Pelo menos numa circunstância conhecida, um rei sumério de Ur queixou-se diretamente à assembléia dos deuses que uma série de problemas que caíram sobre Ur e o seu povo podiam ter origem no fato de triste memória de "Enlil ter dado o poder a um homem inútil... que não era de raiz suméria".

À medida que formos prosseguindo, veremos o papel central que Enlil desempenhou nos negócios divinos e mortais na terra e como é que seus vários filhos se bateram entre si pela sucessão divina, dando origem, indubitavelmente, às posteriores lendas sobre as batalhas entre os deuses.

 

O terceiro Grande Deus da Suméria era outro filho de Anu; ele tinha dois nomes: E.A. e EN.KI. Tal como seu irmão Enlil, era também um Deus do céu e da Terra, uma deidade original dos céus que descera para a Terra.

Sua chegada à Terra é associada, nos textos sumérios, como a época em que as águas do golfo Pérsico alcançaram o interior muito mais profundamente que hoje em dia, transformando a parte sul da região em pântanos. Ea (o nome literalmente signifIcava "casa-água"), um perito engenheiro, planejou e supervisionou a construção de canais, diques nos rios e a drenagem dos pântanos. Ele adorava navegar nesses canais de água e, especialmente, nos pântanos. As águas, como seu nome denota, eram realmente seu elemento. Ele construiu sua "grande casa" na cidade que fundara numa das extremidades dos pântanos, uma cidade apropriadamente chamada HA.A.KI ("local dos peixes-na-água"), também conhecida por E.RI.DU ("casa de ir longe").

Ea era "Senhor das Águas Salgadas", os mares e os oceanos. Os textos sumérios falam repetidamente de um tempo muito recuado em que os três grandes deuses dividiram os domínios entre si. "Os mares foram dados a Enki, o príncipe da terra", concedendo assim a Enki "o domínio de Apsu" (o "Abismo"). Como Senhor dos Mares, Ea construiu barcos que navegaram para terras longínquas e, em especial, para lugares de onde eram trazidos para a Suméria metais preciosos e pedras semi-preciosas.

Os selos cilíndricos sumérios mais antigos representam Ea como uma divindade rodeada por rios fluindo, onde às vezes se vêem peixes. Os selos associam Ea, como se mostra aqui, à Lua (indicada na sua fase crescente), uma associação enraizada, talvez, no fato de a Lua ser a causadora das marés. Sem dúvida, o epíteto NIN.IGI.KU ("senhor dos olhos brilhantes") de Ea referia-se a esta imagem astral.

 

 

Segundo os textos sumérios, incluindo uma autobiografIa de Ea verdadeiramente espantosa, ele nasceu nos céus e desceu à terra antes de haver qualquer colônia ou civilização sobre a terra. "Quando eu me aproximei do território, havia muitas inundações", afirmava ele. Prossegue depois escrevendo a série de medidas que tomou para tornar a terra habitável: encheu o rio Tigre de água fresca e "geradora de vida"; indicou um deus para supervisionar a construção de canais, para fazer o Tigre e o Eufrates navegáveis; desobstruiu os pântanos, enchendo-os de peixe e transformando-os em abrigos para pássaros de todos os gêneros e fazendo crescer aí juncos, que eram um útil material de construção.

Mudando dos mares e rios para a terra seca, Ea pretende ter sido o deus que "dirigiu o arado e a junta... abriu os sagrados sulcos... construiu os estábulos... erigiu os currais". Continuando, o texto autopanegírico (chamado "Enki e a ordem do mundo", pelos eruditos) dá ao deus o crédito de ter sido ele a trazer para a terra as artes da fabricação de tijolos, construção de domicílios e cidades, metalurgia, e assim por diante.

Apresentando esta deidade como o maior benfeitor da humanidade, o deus que ocasionou a civilização, muitos textos descrevem-no também como protagonista-chefe da humanidade nos conselhos de deuses. Os textos diluvianos-acádios e sumérios, nos quais se devem ter baseado os relatos bíblicos, descrevem Ea como o deus que, desafiando a decisão da Assembléia dos deuses, permitiu a um seguidor de confiança (o "Noé" mesopotâmico) escapar ao desastre.

De fato, os textos acádios e sumérios, que (tal como o Antigo Testamento) aderiram à crença de que um deus ou deuses criaram o homem através de um ato consciente e deliberado, atribuem a Ea um papel-chave: como cientista-chefe dos deuses, ele delineou o método e o processo pelo qual o homem seria criado. Com tanta afinidade com a "criação" ou a emergência do homem, não admira que Ea tenha guiado Adapa - o "homem modelo" criado pela "sabedoria" de Ea - para a residência de Anu nos céus, desafiando a determinação dos deuses de negarem a "vida eterna” ao gênero humano.

Estava Ea do lado do homem simplesmente porque participara de sua criação, ou teria Ea outros motivos bem mais subjetivos? À medida que dissecamos o registro, vemos invariavelmente que o desafio de Ea - tanto em assuntos de mortais como em assuntos divinos - tem, a maior parte das vezes, o objetivo de frustrar decisões ou planos emanados de Enlil.

O registro está repleto de indicações de Ea "ardendo" de inveja de seu irmão Enlil. De fato, o outro nome, talvez mesmo o primeiro de Ea, era EN.KI ("senhor da terra"), e os textos tratando da divisão do mundo entre os deuses sugerem que possa ter sido apenas pelo lançamento de sortes que Ea perdeu o domínio da terra a favor de seu irmão Enlil.

 

Os deuses trocaram apertos de mão,

Lançaram sortes e dividiram.

Anu subiu ao céu;

A terra foi dada a Enlil como incumbência,

Os mares, enlaçados como numa cadeia,

Foram dados a Enki, o Príncipe da Terra.

 

Por muito amargo que Ea/Enki ficasse com os resultados deste lançamento de sortes, ele parece nutrir um ressentimento muito mais profundo ainda. A razão para isso dá o próprio Enki em sua autobiografia: era ele, e não Enlil, o filho primogênito, clamava Enki; deste modo, era ele, e não Enlil, quem estava no direito de ser o herdeiro efetivo de Anu:

 

Meu pai, o rei do universo, trouxe-me à luz para o universo...

Eu sou a semente fecunda, engendrada pelo Grande Touro Selvagem;

Eu sou o filho primogênito de Anu.

Eu sou o Grande Irmão dos deuses...

Eu sou o que nasceu como primeiro filho do divino Anu.

 

Uma vez que os códigos de leis pelos quais os homens viveram no antigo Oriente Médio foram dados pelos deuses, não há razão para que as leis sociais e de família aplicáveis aos homens não fossem cópias das que eram aplicáveis aos deuses. Registros de arte e família encontrados em locais como Mari e Nuzi confirmaram que os costumes e as leis bíblicos com os quais os patriarcas hebreus viveram eram as leis às quais reis e nobres estiveram obrigados ao longo do antigo Oriente Médio. Os problemas de sucessão que os patriarcas enfrentaram são, portanto, instrutivos.

Abraão, privado de ter um filho devido à aparente esterilidade de sua mulher Sara, teve um filho primogênito da servidora de sua mulher. No entanto, seu filho (Ismael) foi excluído da sucessão patriarcal logo que Sara deu a Abraão um filho dela própria, Isaac.

A mulher de Isaac, Rebeca, ficou grávida de dois gêmeos. Esaú, ruivo, peludo e robusto, foi tecnicamente o primogênito. Agarrado ao calcanhar de Esaú nasceu Jacó, mais refinado, e a quem Rebeca encheu de carinhos. Quando o idoso e meio cego Isaac se preparava para proclamar seu testamento, Rebeca serviu-se de um ardil para ter a bênção de saber que a sucessão seria garantida por Jacó, e não por Esaú.

Finalmente, os problemas de sucessão de Jacó resultaram do fato de que, embora tivesse servido Labão durante vinte anos para obter a mão de Raquel em casamento, Labão forçou-o a casar primeiro com a irmã mais velha de Raquel, Lia. Foi Lia quem deu a Jacó seu primeiro filho (Rubens), e ele teve mais filhos e uma filha dela e de duas concubinas. No entanto, quando Raquel, finalmente, lhe deu seu filho primogênito (José), Jacó preferiu-o aos seus irmãos.

Conhecendo estes costumes e leis de sucessão, podemos entender as reivindicações conflituosas entre Enlil e Ea/Enki. Enlil, filho de Anu e de sua consorte oficial Antu em todos os registros, era o primogênito legal. Mas o grito angustiado de Enki: Eu sou a semente fecunda... Eu sou o primogênito filho de Anu, deve ter sido uma exposição de fatos. Teria ele então nascido de Anu, mas de outra deusa que foi apenas uma concubina? O conto de Isaac e Ismael ou a história dos gêmeos Esaú e Jacó podem ter tido um paralelo anterior na residência celestial.

Embora Enki pareça ter aceitado as prerrogativas da sucessão de Enlil, alguns estudiosos vêem provas suficientes para mostrar uma contínua luta de poderes entre os dois deuses. Samuel N. Kramer intitulou um dos textos antigos "Enki e o Seu Complexo de Inferioridade". Como mais tarde veremos, vários contos bíblicos - de Eva e da serpente no Jardim do Éden, ou o conto do dilúvio - envolvem em suas versões originais sumérias momentos de desafio de Enki aos éditos de seu irmão.

Em determinado instante, parece, Enki reconheceu que não fazia sentido lutar pelo trono divino e concentrou seus esforços em fazer um filho seu - de preferência a um filho de Enlil - ser o herdeiro da terceira geração. Procurou alcançar isto, pelo menos a princípio, com a ajuda de sua irmã NIN.HUR.SAG ("senhora do topo da montanha").

Ela era também uma filha de Anu, mas não evidentemente de Antu, e nesse particular residia outra regra de sucessão. Os eruditos perguntaram-­se em anos passados por que razão tanto Abraão como Isaac anunciaram o fato de que suas respectivas esposas eram também suas irmãs - uma afirmação que confunde, tendo em vista a proibição bíblica de relações sexuais entre irmãos. Mas, quando os documentos legais foram desenterrados em Mari e Nuzi, tornou-se claro que um homem podia casar com uma meia-irmã. E ainda mais, considerando-se todas as crianças de todas as mulheres, o filho de uma esposa assim - sendo cinqüenta por cento de mais "pura semente" que um filho de mulher não aparentada - era o herdeiro legal, fosse ou não o filho primogênito. Isto, incidentalmente, levou à prática (em Mari e Nuzi) da adoção de uma "irmã" como esposa preferida visando fazer do filho que ela tivesse o incontestado herdeiro legal.

Foi de uma destas meias-irmãs, Ninhursag, que Enki procurou ter um filho. Também ela era do céu, tendo descido à terra nos tempos mais remotos. Alguns textos afirmam que, quando os deuses dividiam os domínios da terra entre si, a ela foi dada a Terra de Dilmun - "um lugar puro... uma terra pura... um lugar tão brilhante". Um texto chamado pelos eruditos "Enki e Nihursag - Um Mito do Paraíso" trata da viagem de Enki a Dilmun com fins conjugais. Ninhursag, acentua repetidamente o texto, "estava sozinha", descomprometida, solteirona. Embora em tempos posteriores ela seja descrita como uma velha matrona, deve ter sido muito atraente quando jovem, uma vez que o texto informa-nos, sem nenhum pudor, que, quando Enki se aproximou dela, à sua vista "seu pênis fez transbordar os diques de água".

Dando ordem para que ficassem sozinhos, Enki "depositou o sêmen no ventre de Ninhursag. Ela aceitou-o dentro do ventre, ao sêmen de Enki" e, depois, "após os nove meses de feminilidade... ela deu à luz nas margens das águas". Mas a criança era uma menina.

Tendo falhado em obter um herdeiro masculino, Enki resolveu depois fazer amor com sua própria filha. "Ele abraçou-a, ele beijou-a; Enki depositou o sêmen no ventre". Mas também ela lhe deu uma filha. Enki correu então atrás de sua neta e engravidou-a também, mas mais uma vez o resultado desta ligação foi um rebento feminino. Firmemente decidida a parar com estes esforços, Ninhursag amaldiçoou Enki, que, tendo digerido algumas plantas, ficou mortalmente doente. Os outros deuses, no entanto, forçaram Ninhursag a retirar a praga.

Enquanto estes acontecimentos tiveram grande repercussão nos negócios divinos, outros contos referentes a Enki e Ninhursag tiveram enorme influência nos negócios terrenos humanos, uma vez que, segundo os textos sumérios, o homem foi criado por Ninhursag, seguindo processos e fórmulas legadas por Enki. Ela era a enfermeira-chefe, aquela que tinha a seu cargo o equipamento médico: era nesse seu papel que a deusa era chamada NIN.TI ("senhora-vida").

 

 

 

Alguns eruditos vêem em Adapa (o "homem modelo" de Enki) o bíblico Adama ou Adão. O duplo significado do sumério “TI” suscita também paralelos bíblicos. Ti podia significar tanto "vida" como "costela.", e, assim, o nome de Ninti significava não só "senhora de vida" como também “senhora da costela". A Eva bíblica, cujo nome signifIcava "vida", foi criada à partir da costela de Adão, e, portanto, Eva, de certo modo, era também uma "senhora de vida" e "senhora da costela".

Como doador de vida tanto aos deuses, como aos homens, fala-se de Ninhursag como de uma deusa-mãe. Seu diminutivo era "Mammu" ­a palavra predecessora do nosso atual "mamã" - e seu símbolo era o "cortador"- o utensílio usado na Antiguidade pelas parteiras para cortar o cordão umbilical depois do nascimento.

 

 

 

Enlil, irmão e rival de Enki, teve a boa sorte de conseguir um "justo herdeiro" da sua irmã Ninhursag. O mais jovem dos deuses sobre a terra, que nasceu nos céus, tinha o nome de NIN.UR.TA ("senhor que completa a fundação"). Ele era o "heróico filho de Enlil que avançava com cadeias e raios de luz" para se bater por seu pai; "o filho vingador... que desfere flechas de luz".

 

 

Sua esposa BA.U era também enfermeira ou médica e seu epíteto era "senhora que os mortos traz à vida'”.

Os desenhos antigos de Ninurta mostram-no empunhando uma arma única, sem dúvida a tal que podia desferir "flechas de luz". Os textos antigos aclamam-no como um poderoso caçador, um deus lutador conhecido por suas capacidades marciais. Mas seu mais proeminente feito heróico não foi executado no interesse de seu pai, mas em seu próprio. Foi uma batalha de grande alcance com um deus maligno chamado Zu (“sensato”) e envolveu nada menos que a chefia dos deuses da terra, uma vez que Zu capturara ilegalmente a insígnia e os objetos que Enlil mantinha como chefe dos deuses.

Os textos descrevendo estes acontecimentos estão quebrados no princípio, e a história só se torna legível no ponto em que Zu chega a E-Kur, o templo de Enlil. Aparentemente, ele é conhecido e tem alguma categoria, uma vez que Enlil lhe dá as boas-vindas, "confiando-lhe a guarda da entrada de seu santuário". Mas o "malvado Zu" retribuiria a confiança com a traição, uma vez que “tramou em seu coração a destituição de Enlil", a apreensão de seus poderes.

Para consegui-lo Zu tinha de entrar na posse de certos objetos, incluindo a mágica Barra dos Destinos. O maligno Zu teve sua oportunidade quando Enlil se despiu ao entrar na piscina para seu banho diário, negligenciando seus adornos.

 

A entrada do santuário,

Que ele estivera a avistar,

Zu aguarda o início do dia.

Enquanto Enlil se lavava com água pura ­

Tendo retirado sua coroa,

Tendo-a depositado no trono ­

Zu agarrou a Barra dos Destinos em suas mãos,

E destituiu o Reino de Enlil.

 

Enquanto Zu fugia em sua MU (traduzido "nome", mais indicando uma máquina voadora) para um longínquo esconderijo, as conseqüências de seu ousado ato começavam a surtir efeito.

 

Suspensas as fórmulas divinas,

A quietude espalhou-se por todo o lado; o silêncio reinou...

O esplendor do santuário desapareceu.

 

"O Pai Enlil ficou sem fala." "Os deuses da terra foram-se reunindo um a um, à volta das notícias." O assunto era tão grave que até Anu em sua residência celestial foi informado. Ele reviu a situação e concluiu que Zu devia ser capturado para que as "fórmulas" fossem restauradas. Voltando-se "para os deuses, seus filhos", Anu perguntou, "Quem, entre os deuses, matará Zu? Seu nome será o mais glorioso de todos!”

Vários deuses conhecidos por seu valor foram convocados. Mas todos salientaram que, tendo roubado a Barra dos Destinos, Zu possuía agora os mesmos poderes que Enlil, e, assim, aquele "que a ele se opuser tornar-­se-á como a argila". Nesta altura, Ea teve uma grande idéia. "Por que não chamar Ninurta para assumir aquela luta sem esperança?”

Os deuses em reunião não podiam ter deixado de compreender o engenhoso ardil de Ea. Sem dúvida, as chances da sucessão se resolver pelo lado de sua prole aumentariam se Zu fosse derrotado; do mesmo modo, ele se beneficiaria se Ninurta fosse assassinado durante este processo. Para estupefação dos deuses, Ninhursag (chamada neste texto NIN.MAH (­"grande senhora") concordou. Dirigindo-se a seu filho Ninurta, explicou-­lhe que Zu retirara não só Enlil, mas também Ninurta do reino de Enlil. "Dei à luz com gritos de dor", bradou ela, e foi ela quem "tornou certo para meu irmão e para Anu" a continuidade do "Reino dos Céus". Para que suas dores não tivessem sido em vão, ela deu instruções a Ninurta para se retirar e lutar para vencer:

 

Desfere a tua ofensiva... captura o fugitivo Zu...

Deixa que a aterradora ofensiva se ire contra ele...

Corta sua garganta! Conquista Zu!

Que os sete ventos da doença se dirijam contra ele,

Faz com que todos os furacões o ataquem,

Que a radiação vá contra ele...

Que os ventos levem suas asas até um lugar secreto...

Que a soberania regresse a E-kur;

Que as fórmulas divinas regressem

Ao pai que te gerou.

 

As várias versões da epopéia fornecem então emocionantes descrições da batalha que se seguiu. Ninurta disparou "flechas" contra Zu, mas as "flechas" não podiam aproximar-se do corpo de Zu... enquanto ele tivesse em suas mãos a Barra dos Destinos dos deuses. Desferidas, as "armas eram paradas a meio" do seu trajeto. Como a inconseqüente batalha começava a fatigar, Ea aconselhou Ninurta a juntar um til-lum às suas armas e dispará-las para dentro das "penas", ou pequenas "rodas-dentadas", das "asas" de Zu. Seguindo este conselho e gritando "Asa a asa", Ninurta disparou o til-lum para as penas de Zu. Atingidas deste modo, as penas começaram a espalhar-se e as "asas" de Zu caíram em espiral. Zu fora derrotado e a Barra dos Destinos voltava à Enlil.

 

Quem era Zu? Seria ele, como defendem alguns estudiosos, um "pássaro mitológico"?

 




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