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Os Nefilim - Povo dos Foguetes Faiscantes 16 страница



No entanto, não importa que nomes tivessem os atores neste drama divino e celeste, o conto é com certeza tão antigo quanto a civilização suméria. Muitos estudiosos consideram-no uma obra filosófica - a mais antiga versão da eterna luta entre o Bem e o Mal - ou um conto alegórico da natureza verão e inverno, nascer e pôr-do-Sol, morte e ressurreição.

Mas por que não tomarmos a epopéia em seu valor nominal, como nada menos ou nada mais que o relato de fatos cosmológicos, tal como eram conhecidos pelos sumérios, tal como os Nefilim lhos transmitiram? Usando esta ousada e romanesca aproximação, descobrimos que a "Epopéia da Criação" explica perfeitamente os acontecimentos que, provavelmente, tiveram lugar em nosso sistema solar.

O palco no qual se revela o drama celeste do Enuma Elish é o universo primevo. Os atores celestes são os que criaram e também os que estão sendo criados. Ato I:

 

Quando nas alturas o céu não fora nomeado,

E embaixo, a terra não fora chamada;

Nada, exceto o primordial APSU, seu criador,

MUMMU e TIAMAT - ela que os deu à luz, a todos;

As suas águas foram reunidas.

 

Nenhum junco se formara, nenhum pântano aparecera.

Nenhum dos deuses tinha já sido trazido à vida,

Nenhum tinha nome, seus destinos estavam indeterminados;

Foi então que os deuses se formaram no meio.

 

Com uns poucos rasgos do estilete de junco sobre a primeira barra de argila - em nove curtas linhas - o antigo poeta-cronista consegue fazer-­nos sentar no centro da fila da frente, e ousada e dramaticamente levanta a cortina para o mais majestoso espetáculo de tempo: a criação do nosso sistema solar.

Na grande superfície do espaço, os "deuses" - os planetas - estão ainda por aparecer, por nomear, por ter seus "destinos" - suas órbitas - estabelecidos. Existem apenas três corpos: "o primordial AP.SU" ("um que existe desde o princípio"); MUM.MU ("um que nasceu"), e TIA-MAT ("donzela da vida"). As "águas" de Apsu e Tiamat juntaram-se, e o texto deixa bem claro que isto não se refere às águas onde os juncos cresciam, mas às águas primordiais, os elementos básicos portadores de vida do universo.

Assim sendo, Apsu é o Sol, "um que existe desde o princípio".

Mais próximo dele está Mummu. Mais para diante, a narrativa épica esclarece-nos que Mummu era o auxiliar e emissário de confiança de Apsu - uma boa descrição de Mercúrio, o pequeno planeta girando em torno de seu gigantesco senhor. Na verdade, este era o conceito que os antigos gregos e os romanos tinham acerca do deus-planeta Mercúrio, o rápido mensageiro dos deuses.

Mais longe ficava Tiamat. Ela era o "monstro" que, mais tarde, Marduk despedaçaria, o "planeta desaparecido". Mas, em tempos primordiais, ela fora a primeira Mãe Virgem da primeira Divina Trindade. O espaço entre ela e Apsu não era de vácuo - estava preenchido com os elementos primordiais de Apsu e Tiamat. Estas "águas" misturaram-se intimamente e foi gerado um par de deuses celestiais - planetas - no espaço entre Apsu e Tiamat.

 

As suas águas foram confundidas...

Deuses foram gerados entre elas:

O deus LAHMU e o deus LAHAMU foram dados à luz;

Pelo nome eles foram chamados.

 

Etimologicamente, os nomes destes dois planetas derivam da raiz LHM ("fazer guerra"). Os antigos legaram-nos a tradição de que Marte era o Deus da Guerra e Vênus, simultaneamente, a Deusa do Amor e da Guerra. LAHMU e LAHAMU são, respectivamente, nomes masculino e feminino, e a identidade dos dois deuses da epopéia e dos planetas Marte e Vênus é assim confirmada tanto etimológica como mitologicamente. E astrologicamente o fato é também confirmado, uma vez que o planeta desaparecido, Tiamat, se localizava para além de Marte. Marte e Vênus estão, de fato, localizados no espaço entre o Sol (Apsu) e "Tiamat". Isto pode ser ilustrado se seguirmos o mapa celeste sumério.

 

 

O processo de formação do sistema solar prosseguiu então. Lahmu e Lahamu - Marte e Vênus - foram dados à luz, mas mesmo:

 

Antes que eles avançassem nos anos

E em estatura até ao tamanho idealizado ­

Formaram-se o deus ANSHAR e o deus KISHAR,

Que os ultrapassaram [em tamanho].

 

À medida que os dias se alongavam e os anos se multiplicavam,

O Deus ANU tornou-se filho deles - um rival de seus antecessores.

Depois o primogênito de Anshar, Anu,

Engendrou à sua imagem e semelhança NUDIMMUD.

 

Com uma elegância conjugada apenas com a precisão da narrativa, desenrolou-se, ligeiro, ante nossos próprios olhos o ato I da Epopéia da criação. Sabemos que Marte e Vênus deviam desenvolver-se até determinado tamanho, mas, antes mesmo de sua formação estar completa, outro par de planetas foi gerado e formado. Eram dois planetas majestosos, como se pode evidenciar pelos seus nomes: AN.SHAR ("príncipe, o primeiro nos céus") e KI.SHAR ("o primeiro nas terras firmes"). Eles deixaram para trás, em tamanho, o primeiro par, "ultrapassando-o" em estatura. A descrição, os epítetos e a localização deste segundo par facilmente os identificam como Saturno e Júpiter.

 

 

Decorreu, então, mais algum tempo ("multiplicaram-se os anos"), e outro par de planetas, o terceiro, foi dado à luz. Primeiramente veio ANU, menor que Anshar e Kishar ("filho deles"), mas, maior que os primeiros planetas ("de seus antepassados", um rival). Depois Anu, por seu turno, gerou um planeta gêmeo, "à sua imagem e semelhança". A versão babilônica chama a este planeta NUDIMMUD, um epíteto de Ea/Enki. Uma vez mais, as descrições de tamanhos e localizações adaptam-se ao seguinte par de planetas conhecido em nosso sistema solar, Urano e Netuno.

Havia ainda um outro planeta a ser explicado entre estes planetas exteriores, ao qual chamamos Plutão. A Epopéia da Criação referiu-se já a Anu como "o primogênito de Anshar", implicando assim a existência de outro deus planetário "nascido" a Anshar/Saturno. A epopéia alcança esta deidade celeste mais tarde, quando relata como Anshar enviou seu emissário GAGA em várias missões aos outros planetas. Gaga aparece igual em função e estatura ao emissário de Apsu, Mummu. Isto traz à mente as muitas semelhanças entre Mercúrio e Plutão. Gaga era, então, Plutão. Mas os sumérios, em seu mapa dos céus, não colocam Plutão para além de Netuno, mas ao lado de Saturno, do qual ele era "emissário", ou satélite.

 

 

Quando o ato I da Epopéia da Criação chegou ao fim, existia já um sistema solar constituído pelo Sol e por nove planetas:

 

SOL - Apsu, "um que existiu desde o princípio".

MERCÚRIO - Mummu, conselheiro e emissário de Apsu.

VÊNUS - Lahamu, "senhora de batalhas".

MARTE - Lahamu, "divindade da guerra".

- Tiamat, "donzela que deu vida".

JÚPITER - Kishar, "O primeiro em terra firme".

SATURNO - Anshar, "o primeiro nos céus".

PLUTÃO - Gaga, conselheiro e emissário de Anshar.

URANO - Anu, "ele dos céus".

NETUNO - Nudimmud (Ea), "engenhoso criador".

Onde estavam a Terra e a Lua? Ainda por criar, elas resultariam da futura colisão cósmica.

Com o fim do majestoso drama do nascimento dos planetas, os autores da Epopéia da Criação levantam agora a cortina para o ato II, um drama de celestiais distúrbios. A família de planetas recentemente criada estava longe de ter atingido a estabilidade. Os planetas gravitavam na direção uns dos outros convergindo para Tiamat, o que perturbava e punha em perigo os corpos primordiais.

 

Os divinos irmãos juntavam-se em grupo;

Eles perturbavam Tiamat enquanto se agitavam [para a frente e para trás]. Eles incomodavam a “barriga" de Tiamat

Com suas palhaçadas nas casas do céu.

Apsu não podia diminuir seu clamor;

Tiamat estava emudecida com suas maneiras.

Seus atos eram repugnantes...

Fastidiosas as suas maneiras.

 

Temos aqui referências óbvias a órbitas irregulares. Os novos planetas "agitavam-se para a frente e para trás"; ficavam demasiado próximos uns dos outros ("juntavam-se em grupo"); interferiam na órbita de Tiamat, aproximando-se demasiado de sua "barriga"; suas "maneiras" eram fastidiosas. Embora fosse Tiamat a que maior perigo corria, também Apsu achou as maneiras dos planetas "repugnantes". Ele anunciou sua intenção de "destruir, arruinar suas vias". Ele reuniu-se às pressas com Mummu, pediu-lhe conselho em segredo. Mas "o que quer que tenham tramado entre si" foi escutado pelos deuses e o plano para sua destruição deixou­-os mudos. O único que não perdeu suas capacidades foi Ea. Ele arquitetou um plano para "derramar o sono sobre Apsu". Quando os outros deuses celestiais concordaram com o plano, Ea "desenhou um mapa fiel do universo" e lançou um feitiço divino sobre as primevas águas do sistema solar.

Que seria este "feitiço" ou força exercida por "Ea" (o planeta Netuno) - ou seja, o planeta mais exterior - enquanto orbitava o Sol e rodeava todos os outros planetas? Teria sua própria órbita à volta do Sol afetado o magnetismo solar e, deste modo, suas emanações radioativas? Ou teria o próprio. Netuno, por sua iniciativa, emitido algumas vastas radiações de energia? Quaisquer que fossem os efeitos, a epopéia igualou-os a um "derrame de sono." - um efeito calmante - sobre Apsu (o Sol). Até "Mummu, o Conselheiro, ficou incapaz de se mexer".

Como no conto bíblico de Sansão e Dalila, o herói, derrotado pelo sono, pôde facilmente ser privado de seus poderes. Ea agiu rapidamente para roubar de Apsu seu papel criativo. Extinguindo, ao que parece, as imensas imanações de matéria primitiva do Sol, Ea/Netuno "tirou de Apsu a tiara, retirou seu manto de aura". Apsu estava "conquistado". Mummu já não podia deambular. Ele foi "despachado e deixado para trás", um planeta sem vida ao lado do seu senhor.

Privando o Sol de sua criatividade - travando o processo de emissão de mais energia e matéria para a formação de planetas adicionais -, os deuses trouxeram uma paz temporária ao sistema solar. A vitória foi ainda marcada pela mudança do significado e localização de Apsu. Este epíteto foi, a partir daí, aplicado à "residência de Ea". Quaisquer planetas adicionais, a partir deste momento, podiam apenas vir do novo Apsu, do "Abismo", os longínquos limites de espaço que o planeta mais exterior enfrentava.

Quanto. tempo decorreu até que a paz celestial fosse de novo quebrada? A Epopéia não o diz. Mas prossegue, com uma pequena pausa, e levanta a cortina para o ato III:

 

Na Câmara da Fortuna, o local dos Destinos,

Foi engendrado um deus, o mais capaz e sensato dos deuses;

No âmago do Abismo foi MARDUK criado.

 

Um novo "deus" celestial, um novo planeta, junta-se à casta. Ele foi formado no Abismo, longe no espaço, numa zona em que o movimento orbital - o "destino" de um planeta - lhe tinha de ser comunicado. Foi atraído para o sistema solar pelo planeta de órbita mais exterior: "Aquele que o criou foi Ea (Netuno.)". O novo planeta era digno de contemplação:

 

Fascinante era sua figura, cintilante o erguer dos seus olhos;

Altivo seu porte, autoritário como de velhos tempos...

Entre os deuses ele era intensamente exaltado, excedendo [através...]

Ele era o mais supremo dos deuses, incomparável sua altura;

Seus membros eram enormes, ele era extremamente alto.

 

Aparecendo do espaço exterior, Marduk era ainda um planeta recém­-nascido, vomitando fogo e emitindo radiação. "Quando ele abria seus lábios, o fogo resplandecia em frente.”

À medida que Marduk se aproximava dos outros planetas, "eles encaminhavam em sua direção seus medonhos raios", e ele cintilou deslumbrantemente, "vestido com o halo de dez deuses". Sua aproximação estimulou emissões elétricas (e outras) dos restantes membros do sistema solar. E uma única palavra confirma aqui a nossa decifração da Epopéia da Criação: Dez corpos celestiais o aguardavam: o Sol e apenas outros nove planetas.

A narrativa épica leva-nos agora ao longo da velocíssima rota de Marduk. Ele passa primeiro. pelo planeta que o "criou", que o atraiu para o sistema solar, o planeta Ea/Netuno. À medida que Marduk se aproxima de Netuno, a força gravitacional deste último sobre o recém-chegado aumenta de intensidade. Torna redonda a via de Marduk, "fazendo-a boa para seu objetivo".

Marduk devia estar ainda nessa época num estágio muito plástico. À medida que passava por Ea/Netuno, a força gravitacional fez com que a face de Marduk adquirisse um bojo, como se possuísse uma "segunda cabeça". No entanto, nenhuma parte de Marduk foi arrancada como resultado desta passagem. Mas, enquanto alcançava as vizinhanças de Anu/Urano, pedaços de matéria começaram a separar-se dele, resultando daí a formação de quatro satélites de Marduk. "Anu deu à luz e idealizou os quatro lados, concedeu seus poderes ao chefe da hoste." Chamados "ventos", os quatro satélites foram arremessados para uma órbita rápida em torno de Marduk, "redemoinhando como um furacão".

A ordem de passagem, primeiro por Netuno, depois por Urano, indica que Marduk se aproximava do sistema solar não na direção orbital do sistema (direção contrária à dos ponteiros do relógio), mas no sentido horário. Prosseguindo, o planeta em movimento foi em breve apanhado pelas imensas forças gravitacionais e magnéticas dos gigantes Anshar/Saturno e depois Kishar/Júpiter. Sua trajetória inclinou-se ainda mais para o interior, na direção de Tiamat.

 

 

A aproximação de Marduk em breve começou a perturbar Tiamat e os planetas interiores (Marte, Vênus, Mercúrio). "Ele produziu correntes, perturbou Tiamat; os deuses não tinham descanso, levados como numa tempestade.”

Embora neste ponto as linhas do antigo texto estejam parcialmente danificadas, é-nos ainda possível ler que o planeta que se aproximava "enfraqueceu seus órgãos vitais... comprimiu seus olhos". A própria Tiamat "andava de um lado para o outro, enlouquecida", com sua órbita evidentemente perturbada.

A força gravitacional do grande planeta que se aproximava em breve começou a arrancar pedaços de Tiamat. De seu centro surgiram onze "monstros", um tropel "resmungão e enraivecido" de satélites que "se separaram a si próprios" do corpo de Tiamat e "marcharam a seu lado". Preparando-se para enfrentar o apressado Marduk, Tiamat "coroou-os com halos", dando-lhes a aparência de "deuses" (planetas).

De particular importância para a Epopéia e para a cosmogonia mesopotâmica foi o satélite principal de Tiamat, cujo nome era KINGU, "o primogênito entre os deuses que formaram sua assembléia".

 

Ela exaltou Kingu,

No meio deles ela o fez grande...

O alto comando da batalha

Ela depositou nas mãos dele.

 

Sujeito a forças gravitacionais conflitantes, este grande satélite de Tiamat, começou a flutuar na direção de Marduk. Esta concessão a Kingu de uma Barra dos Destinos - um caminho planetário próprio - preocupou, em especial, os planetas exteriores. "Quem concedera a Tiamat o direito de dar à luz novos planetas?", inquiriu Ea. Ele conduziu o problema até Anshar, o gigante Saturno.

 

Tudo o que Tiamat arquitetara, ele lhe repetiu:

... Ela constituiu uma assembléia e está furiosa com raiva...

Ela juntou armas sem rival, produziu monstros-deuses...

Além dos doze do seu gênero que ele trouxe ao mundo;

De entre os deuses que formaram sua assembléia,

Ela elevou Kingu, seu primogênito, o fez chefe...

Deu-lhe uma Barra dos Destinos, cingiu-a a seu peito.

 

Voltando-se para Ea, Anshar perguntou-lhe se ele podia partir e assassinar Kingu. A resposta perdeu-se devido a uma fratura nas barras, mas, ao que parece, Ea não satisfez Anshar, uma vez que a continuação da narrativa apresenta Anshar voltando-se para Anu (Urano) para tentar saber se deveria "ir e fazer frente a Tiamat". Mas Anu "foi incapaz de a enfrentar e regressou".

Nas agitadas alturas forma-se um confronto; um deus depois do outro, todos vão se desviando. Será que nenhum vai batalhar com a irada Tiamat?

Marduk, tendo passado Netuno e Urano, aproxima-se agora de Anshar (Saturno) e dos seus extensos anéis. Isto dá uma idéia a Anshar: "Ele que é potente será nosso vingador; ele que gosta de batalhas: Marduk, o Herói!" Chegando ao alcance dos anéis de Saturno ("ele beijou os lábios de Anshar"), Marduk responde:

 

Se, na verdade, eu como vosso Vingador

Tenho de conquistar Tiamat, salvar vossas vidas ­

Convoquem uma assembléia para proclamar a supremacia do meu Destino!

 

A condição era audaciosa, mas simples: Marduk e seu "destino" - sua órbita em torno do Sol - teriam de ser supremas entre todos os deuses celestiais. Foi então que Gaga, o satélite de Anshar/Saturno - e o futuro Plutão - foi desligado de sua órbita:

 

Anshar abriu sua boca,

A Gaga, seu Conselheiro, ele dirigiu uma palavra...

Fica no teu caminho, Gaga,

Manifesta tua posição entre os deuses,

E aquilo que eu te disser

Tu o repetirás a eles.

 

Passando pelos outros deuses/planetas, Gaga instigou-os a "fixar vossos decretos para Marduk". A decisão foi como que antecipada: os deuses estavam apenas demasiado desejosos de ter alguém mais para marcar pontos para o lado deles. "Marduk é rei", gritaram eles e incitaram-no a não perder mais tempo: "Vai e corta a vida de Tiamat!”

A cortina ergue-se agora para o ato IV, a batalha celeste.

Os deuses decretaram o "destino" de Marduk; sua força gravitacional combinada determinou já a via orbital de Marduk para que ele não possa seguir senão um caminho, o que leva a uma "batalha", uma colisão com Tiamat.

Como compete a um guerreiro, Marduk armou-se com uma grande variedade de armas. Encheu seu corpo com uma "abrasadora chama"; "construiu um arco... ligou-lhe uma seta... em sua frente ele colocou o relâmpago"; e "depois fez uma rede para envolver Tiamat". Estes são nomes comuns para aquilo que pode apenas ter sido uma série de fenômenos celestiais - a descarga de raios elétricos quando os dois planetas convergiram, a força gravitacional (uma "rede") de um planeta sobre o outro.

Mas as principais armas de Marduk eram seus satélites, os quatro “ventos" que Urano lhe fornecera quando Marduk passou por ele - Vento Sul, Vento Norte, Vento Leste e Vento Oeste. Passando agora pelos gigantes, Saturno e Júpiter, e sujeito às suas tremendas forças gravitacionais, Marduk "deu à luz" mais três satélites - Vento Vil, Furacão e Vento Incomparável.

Usando seus satélites como um "carro de tempestades", "fez avançar os ventos que dera à luz, todos os sete". Os adversário estavam prontos para a batalha.

 

O Senhor avançou, seguiu seu caminho;

Na direção da irada Tiamat ele virou sua face...

O Senhor aproximou-se para esquadrinhar a face interior de Tiamat ­-

Para se aperceber do esquema de Kingu, seu esposo.

 

Mas à medida que os planetas orbitavam mais e mais perto uns dos outros, a rota de Marduk tornou-se errante:

 

Enquanto olha, sua trajetória fica perturbada.

Sua direção é desviada, seus atos, confusos.

 

Até os satélites de Marduk começaram a desviar sua rota:

 

Quando os deuses, seus ajudantes,

Que marchavam a seu lado,

Viram o valente Kingu, sua visão ofuscou-se.

 

Será que, no fim de tudo, os combatentes iriam faltar?

Mas a decisão estava tomada, os rumos irrevogavelmente em rota de colisão. "Tiamat emitiu um rugido"... "o Senhor levantou a tempestade caudalosa, sua poderosa arma". Enquanto Marduk se aproximava cada vez mais, a "fúria de Tiamat crescia", "as raízes de suas pernas balançavam para trás e para a frente". Ela começou a lançar "feitiços" contra Marduk, a mesma espécie de ondas celestiais que Ea usara anteriormente contra Apsu e Mummu. Mas Marduk continuou em sua direção de encontro a ela.

 

Tiamat e Marduk, os mais sensatos de todos os deuses,

Avançavam de encontro um ao outro;

Apressaram-se para o combate individual,

Aproximaram-se para a batalha.

 

A Epopéia volta-se agora para a descrição da batalha celestial, na seqüência da qual foram criados os céus e a terra.

 

O Senhor espalhou sua rede para a envolver;

O Vento Vil, o da retaguarda, ele desatrelou à frente dela.

Quando ela, Tiamat, abriu a boca para o devorar ­–

Ele dirigiu o Vento Vil para ela, para que não pudesse fechar os lábios.

Os ferozes ventos de tempestade atacaram então sua barriga;

Seu corpo distendeu-se - sua boca estava escancarada.

Através dela ele disparou uma seta, ela rasgou sua barriga;

Cortou suas entranhas, rasgou até seu ventre.

Tendo-a assim submetido, ele extinguiu seu hálito de vida.

 

Aqui está uma teoria muito original explicativa dos quebra-­cabeças com que ainda hoje nos confrontamos. Um sistema solar, composto pelo Sol e nove planetas, foi invadido por um grande planeta parecido com um cometa vindo do espaço exterior. Primeiro ele encontrou Netuno; quando passou por Urano, pelo gigante Saturno e por Júpiter, sua rota foi profundamente inclinada para dentro, em direção ao centro do sistema solar, e deu à luz sete satélites. Depois, foi inalteravelmente colocado em rota de colisão com Tiamat, o planeta seguinte na linha.

 

 

Mas os dois planetas não colidiram, fato de importância astronômica fundamental: foram os satélites de Marduk que se chocaram com Tiamat, e não o próprio Marduk. Eles "distenderam" o corpo de Tiamat, fizeram nela uma larga rachadura. Através destas fissuras em Tiamat, Marduk disparou uma "seta", um "relâmpago divino", um imenso raio de eletricidade que saltou como uma faísca de Marduk carregado de energia, o planeta que estava cheio de "esplendor". Encontrando seu caminho nas entranhas de Tiamat, "extinguiu seu hálito de vida". Neutralizou as forças e os campos elétricos e magnéticos próprios de Tiamat, e "extinguiu-os".

O primeiro encontro entre Marduk e Tiamat deixou-a cheia de fissuras e estéril, mas seu destino final seria ainda determinado por encontros futuros entre os dois. Kingu, chefe dos satélites de Tiamat, seria tratado separadamente. Mas o destino dos outros dez satélites menores de Tiamat foi desde logo determinado.

 

Depois de ele ter trucidado Tiamat, a líder,

Seu grupo foi despedaçado, sua hoste partida.

Os deuses, seus ajudantes que marchavam a seu lado,

Tremendo de medo,

Voltaram suas costas para salvar e preservar suas vidas.

 

Poderemos identificar este exército "despedaçado... partido", que tremeu e "voltou suas costas", inverteu sua direção?

Fazendo isto oferecemos uma explicação para ainda mais um quebra-­cabeça do nosso sistema solar: o fenômeno dos cometas. Minúsculos globos de matéria, são freqüentemente referidos como os "membros em rebelião" do sistema solar, uma vez que parecem não obedecer a quaisquer normas usuais de estrada. As órbitas dos planetas à volta do Sol (à exceção de Plutão) são quase circulares; as órbitas dos cometas são alongadas, e, em algumas circunstâncias, tão alongadas que alguns deles desaparecem de nossa vista durante centenas ou milhares de anos. Os planetas (à exceção de Plutão) orbitam o Sol no mesmo plano geral; as órbitas dos cometas repousam em vários planos diversos. Significativamente, enquanto todos os planetas que conhecemos giram à volta do Sol, no sentido anti-horário, muitos cometas movem-se na direção inversa.

Os astrônomos são incapazes de dizer que força, que acontecimento criou os cometas e os lançou para suas extravagantes órbitas. Nós respondemos: Marduk! Passando rapidamente na direção inversa, num plano orbital próprio, ele despedaçou, fraturou a hoste de Tiamat em cometas menores e afetou-os com sua força gravitacional, sua assim chamada rede:

 

Atirados para a rede, eles viram-se presos no laço...

 




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