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Os Nefilim - Povo dos Foguetes Faiscantes 7 страница



O Antigo Testamento considera-os parte da família hamítica, de nações cujas raízes se situam nas quentes terras da África (ham significa quente) e, por isso, irmãos dos egípcios. Os artefatos e registros escritos desenterrados pelos arqueólogos confirmam a íntima afinidade entre os dois, assim como as muitas semelhanças entre as deidades cananitas e egípcias o confirmam também.

A quantidade de deuses nacionais e locais, e a quantidade de seus nomes e epítetos, a diversidade de seus papéis, emblemas e mascotes animais começaram por tornar os deuses do Egito uma multidão imprescrutável de atores sobre um estranho palco. Mas um olhar mais atento revelamos que, em essência, eles não eram diferentes daqueles de outras terras no Mundo Antigo.

Os egípcios acreditavam em deuses do céu e da terra, grandes deuses que se distinguiam claramente da multidão de divindades inferiores. G .A. Wainwright (The Sky-Religion in Egypt) [A Religião do Céu no Egito] adiciona todas as provas e conclui que a crença egípcia: em deuses do céu que desceram à terra vindos dos céus “era extremamente antiga". Alguns dos epítetos dos grandes deuses - o Deus Maior, Touro do Céu, Senhor/Dama das Montanhas, soam familiares.

Embora os egípcios contassem pelo sistema decimal, seus negócios religiosos eram governados pelo sistema sexagesimal sumério, sessenta, e os assuntos celestiais estavam sujeitos ao número divino doze. Os céus estavam divididos em três partes, cada uma delas compreendendo doze corpos celestiais. De dia e de noite cada uma delas estava dividida em doze horas. E todas estas divisões tinham seu paralelo em "companhias" de deuses que, por sua vez, eram formadas por doze elementos cada uma.

O chefe do panteão egípcio era Ra ("criador"), que presidia a uma assembléia dos deuses de doze elementos. Ele levava a cabo suas assombrosas obras da criação nos tempos primevos trazendo à luz Geb ("Terra") e Nut ("Céu"). Depois ele fez as plantas crescer na terra, e depois, as criaturas rastejantes e, finalmente, Ra criou o homem. Ra era um deus celestial invisível que se manifestava apenas periodicamente. Sua manifestação era Aten, o Disco Celestial gravado como um globo alado.

 

 

De acordo com a tradição egípcia, o aparecimento e as atividades de Ra na terra estavam diretamente relacionados com os reinos no Egito. Segundo essa tradição, os primeiros governantes do Egito não foram homens, mas deuses, e o primeiro deus a governar o Egito foi Ra. Ele dividiu depois o reino, dando o Baixo Egito a seu filho Osíris e o Alto Egito a seu filho Seth. Mas Seth planejou destronar Osíris, e, de fato, afogou-o. Ísis, mulher e irmã de Osíris, recuperou o corpo mutilado do deus e ressuscitou-o. A partir daí, ele passou através "das portas secretas" e juntou-se a Ra na qualidade de celestial. Seu lugar no trono do Egito foi tomado por seu filho Horo, que era, por vezes, representado como uma divindade alada e de chifres.

 

Embora Ra fosse o mais sublime nos céus, sobre a terra ele era o filho do deus Ptah ("o desenvolvedor", "aquele que imagina as coisas"). Os egípcios acreditavam ter sido realmente Ptah que elevou a terra do Egito acima das águas de inundação com a construção de diques até ao ponto em que o Nilo se ergue. Este grande deus, diziam eles, viera para o Egito de qualquer outro sítio; estabeleceu não só o Egito, como também as "terras de montanha e longínquas terras estrangeiras". De fato, os egípcios reconheceram que todos os "seus deuses vetustos" chegaram do sul em barcos, e foram encontrados muitos desenhos rupestres pré-históricos que nos mostram estes antigos deuses, diferenciados pelo seu toucado de chifres, chegando do Egito de barco.

 

A única rota marítima que leva ao Egito partindo do sul é a que passa pelo mar Vermelho, e é significativo que seu nome egípcio seja mar de Ur. Hieroglificamente, o signo de Ur queria dizer "longínqua [terra] estrangeira no Oriente". Não pode ser excluída a hipótese de que se trate da cidade suméria de Ur, situada nessa mesma direção.

A palavra egípcia para "ser divino" ou "deus" era NTR, que quer dizer "aquele que chefia". Esse é exatamente o significado do nome sumério "a terra daqueles que vigiam".

A antiga tese de que a civilização poderá ter começado no Egito foi já posta de lado. Há numerosas provas, hoje em dia, que mostram que a sociedade e a civilização organizadas egípcias, que terão começado a meio do 1º. milênio a.C. e, mais ainda, depois da civilização suméria, retiraram sua cultura, arquitetura e tecnologia, arte de escrita e muitos outros aspectos de uma alta civilização da Suméria. O peso da evidência mostra também que os deuses egípcios derivam dos sumérios.

Cultural e biologicamente semelhantes aos egípcios, os cananitas partilharam os mesmos deuses com eles. Mas, situados na faixa de terra que constituía a ponte entre a Ásia e a África desde tempos imemoriais, os cananitas vieram também sob fortes influências, semitas ou mesopotâmicas. Tal como os hititas para o norte, os hurritas para o nordeste, os egípcios para o sul, os cananitas não podiam se orgulhar de possuir um panteão original. Também eles adquiriram sua cosmogonia, deidades e contos lendários em qualquer outra parte. Seus contatos diretos com as fontes sumérias foram os amoritas.

 

A terra dos amoritas situa-se entre a Mesopotâmia e os territórios mediterrâneos da Ásia Ocidental. Seu nome deriva do termo acádio amurru e do sumério martu ("ocidentais"). Não eram tratados como estranhos, mas como gente relacionada que vagava nas províncias a oeste da Suméria e da Acádia.

Nomes amoritas constam nas listas de funcionários de templos na Suméria. Quando Ur caiu nas mãos dos invasores elamitas, cerca do ano 2.000 a.C., um martu chamado Ishbi-Irra restaurou o reino sumério em Larsa e estabeleceu como sua primeira tarefa a recaptura de Ur e a restauração, aí, do grande santuário do deus Sin. "Chefes de tribos" amoritas estabeleceram a primeira dinastia independente na Assíria por volta do ano 1.900 a.C. E Hamurabi, que trouxe grandeza à Babilônia cerca do ano 1.800 a.C., foi o sexto sucessor da primeira dinastia babilônica, que era amorita.

Nos anos 30, os arqueólogos alcançaram o centro e a cidade principal dos amoritas, conhecida por Mari. Numa curva do Eufrates, onde a fronteira Síria corta atualmente o rio, os escavadores revelaram uma cidade principal cujos edifícios foram erigidos e tornados a erigir, continuamente, entre os anos 3.000 e 2.000 a.C., em alicerces que datam de séculos anteriores. Estes remotos vestígios incluem uma pirâmide de degraus e templos e deidades sumérias Inanna, Ninhursag e Enlil.

Só o palácio de Mari ocupava 2 hectares e incluía uma sala do trono pintada com notáveis murais, tinha três centenas de quartos, câmaras de escrita, e (mais importante para o historiador) muito mais de 20 mil barras em escrita cuneiforme, tratando da economia, comércio, política e vida social daqueles tempos, com assuntos de Estado e militares e, claro, com a religião da terra e de seu povo. Uma das pinturas de parede no grande palácio de Mari descreve a investidura do rei Zimri-Lim pela deusa Inanna (a quem os amoritas chamam Ishtar).

 

 

Tal como nos outros panteões, a deidade principal presente entre os amuru era um deus do clima ou da tempestade. Chamavam-lhe Adad - o equivalente ao cananita Baal ("senhor") - e davam-lhe o diminutivo de Hadad. Seu símbolo, como não podia deixar de ser, eram raios em ziguezague.

Nos textos cananitas, Baal é freqüentemente apelidado como o "filho do Dagon". Os textos mari falam também de uma divindade mais idosa chamada Dagan, um "senhor da abundância", que, como El, é representado como uma deidade afastada, que se queixou, em dada ocasião, porque já não era consultada sobre a estratégia de certa guerra.

Os membros do panteão incluíam o Deus da Lua, a quem os cananitas chamavam Yerah, os acádios, Sin, e os sumérios, Nannar; o Deus Sol, comumente chamado Shamash, e outras deidades cujas identidades não deixam dúvidas acerca do fato de Mari ser uma ponte geográfica e cronológica ligando as terras e os povos do Mediterrâneo Oriental com as fontes mesopotâmicas.

Entre os achados em Mari, como em qualquer parte nas terras da Suméria, havia dúzias de estátuas do próprio povo: reis, nobres, padres e cantores. Eles estão invariavelmente representados com as mãos enlaçadas em oração e com o olhar fixo sempre na direção de seus deuses.

 

 

Quem eram estes deuses do céu e da terra, divinos e, no entanto, humanos, sempre chefiados por um panteão ou círculo reservado de doze deidades?

Entramos nos templos arianos, nos gregos, nos hititas e nos hurritas, nos cananitas, nos egípcios e nos amoritas. Seguimos rotas que nos levaram através de continentes e mares, e pistas que nos arrastaram ao longo de vários milênios.

E todos os corredores de todos os templos nos levaram a uma mesma fonte: a Suméria.

 

A Suméria - Terra de Deuses

 

Não há dúvida de que as "velhas palavras", que durante milhares de anos constituíram a língua de altos estudos e de escrituras religiosas, eram o idioma da Suméria. Também não há dúvida de que os "velhos deuses" foram o deuses da Suméria; registros, contos e genealogias da Suméria não foram encontrados num local ao acaso.

Quando estes deuses (nas formas sumérias originais ou nas posteriores acádias, babilônicas ou assírias) são nomeados e contados, a lista chega a centenas. Mas, uma vez classificados, torna-se claro que eles não formaram um amálgama de divindades. Elas eram chefiadas por um panteão de grandes deuses, governadas por uma assembléia de deidades e relacionadas umas com as outras. Uma vez excluídas as numerosas deidades inferiores (sobrinhas, sobrinhos, netos e semelhantes), emerge um grupo muito mais reduzido e coerente de divindades, cada uma com um papel a desempenhar, cada uma com certos poderes e responsabilidades.

Havia deuses (acreditavam os sumérios) que "vinham dos céus". Textos tratando do tempo "antes das coisas terem sido criadas" falam destes deuses celestiais pelos nomes de Apsu, Tiamat, Anshar e Kishar. Não há notícia nenhuma que nos diga que deuses desta categoria alguma vez aparecessem sobre a Terra. À medida que nos formos aproximando destes "deuses", que existiram antes que a Terra fosse criada, compreendemos que eles eram os corpos celestiais que constituíam nosso sistema solar. E, como demonstraremos, os assim chamados mitos sumérios referentes a estes deuses são, de fato, precisa e cientificamente, conceitos cosmológicos plausíveis debruçando-se sobre a criação do nosso sistema solar.

Havia também deuses inferiores que eram "da terra". Seus centros de culto eram, em sua maior parte, cidades de província e estes deuses não eram mais que simples deidades locais. Na melhor das hipóteses, estavam incumbidos de missões limitadas - como, por exemplo, a deusa NIN.KA­ SHI ("senhora-cerveja"), que inspecionava a preparação de bebidas. Destes deuses, nenhuma lenda se conta. Não possuíam armas que intimidassem, e os outros deuses não estremeciam sob suas ordens. Fazem lembrar aquele grupo de jovens deuses que marcham no final da procissão gravada nas rochas hititas de Yazilikaya.

Entre os dois grupos de deuses havia os deuses do céu e da terra, chamados "os antigos deuses". Eles eram os "velhos deuses" dos contos épicos, e, na crença suméria, desceram à terra vindos do céu.

Não eram meras deidades locais. Eram deuses nacionais - de fato, internacionais. Alguns deles estavam presentes e ativos na Terra mesmo antes de o primeiro homem aparecer sobre ela. Na verdade, a própria existência do homem foi considerada como sendo o resultado de um empreendimento deliberadamente criativo por parte desses deuses. Eram poderosos, capazes de feitos para além da capacidade e compreensão mortais. E, no entanto, estes deuses não só tinham um aspecto humano, como comiam e bebiam como os humanos e gozavam, virtualmente, de todas as emoções humanas de amor e ódio, lealdade e infidelidade.

Embora os papéis e hierarquias de algumas das principais deidades mudem de posição ao longo dos milênios, certo número deles nunca perdeu sua posição de destaque e sua veneração nacional e internacional. À medida que lançamos um olhar mais atento sobre este grupo central, surge a imagem de uma dinastia de deuses, uma família divina, intimamente relacionada e, no entanto, amargamente dividida.

 

O chefe desta família de deuses do céu e da terra era AN (ou Anu nos textos assírio-babilônicos). Ele era o Grande Pai dos Deuses, o Rei dos Deuses. O seu domínio era a extensão dos céus e seu símbolo, uma estrela. Na escrita pictográfica suméria, o signo da estrela representava também An, "céus" e "ser divino" ou "deus" (descendente de An). Este desdobramento em quatro do significado do símbolo manteve-se através dos anos, à medida que a escrita passava da pictográfica suméria à cuneiforme acádia, e à estilizada babilônica e assíria.

 

 

Desde os mais remotos tempos até ao desaparecimento da escrita cuneiforme - do 4º. milênio a.C. até quase ao tempo de Cristo -, este símbolo precedeu os nomes dos deuses, indicando que o nome escrito no texto não era o de um mortal, mas o de uma deidade de origem celeste.

A residência de Anu e a sede de seu reino estavam nos céus. Para ali se dirigiam os outros deuses do céu e da terra quando precisavam de conselho particulares ou favores, ou quando se reuniam em assembléia para aplacar disputas entre si ou chegar às mais importantes decisões. Numerosos textos descrevem o palácio de Anu (cujos portais eram guardados por um deus da Árvore da Verdade, por um deus da Árvore da Vida), seu trono, o modo como os outros deuses o abordavam e como se sentavam em sua presença.

Os textos sumérios podiam também reproduzir circunstâncias em que era permitida a ascensão à residência de Anu não apenas a outros deuses, como até mesmo a alguns mortais escolhidos, a maior parte das vezes, com o objetivo de fugirem à mortalidade. Um destes contos pertence a Adapa ("modelo de homem"). Ele era tão perfeito e leal ao deus Ea, que o criara, que Ea fez com que ele fosse recebido por Anu. Ea informou, então, aquilo que Adapa deveria esperar:

 

Adapa, tu vais estar na presença de Anu, o rei;

Vais tomar a estrada do céu.

Quando tiveres subido aos céus,

E te tiveres aproximado da porta de Anu,

O “Possuidor da Vida" e o "Plantador da Verdade”;

Estarás em frente da porta de Anu.

 

Guiado por seu criador, Adapa "aos céus subiu... ascendeu aos céus e chegou perto da porta de Anu". Mas quando lhe foi oferecida a oportunidade de se tomar imortal, Adapa recusou comer o Pão da Vida, pensando que o irado Anu lhe oferecia comida envenenada. Deste modo, foi remetido para a terra como um sacerdote sagrado, mas sempre mortal.

A afirmação suméria de que não apenas deuses, mas também mortais escolhidos podiam subir à residência divina nos céus, encontra eco nas narrativas do Antigo Testamento sobre as ascensões ao céu de Enoc e do profeta Elias.

Embora Anu vivesse numa residência celestial, os textos sumérios relatam circunstâncias em que ele descia à terra, quer em épocas de grandes crises, quer em visitas cerimoniais (quando sua esposa ANTU o acompanhava), ou (o que aconteceu pelo menos uma vez) para fazer de sua bisneta IN.ANNA sua consorte na terra.

Uma vez que ele não residia permanentemente na terra, aparentemente não havia necessidade de lhe garantir a exclusividade de uma cidade ou centro de culto, e a residência ou "alta casa" erigida para ele estava localizada em Uruk (a Erech bíblica), domínio da deusa Inanna. As ruínas de Uruk incluem, hoje em dia, um gigantesco monte feito pelo homem, no qual os arqueólogos encontraram provas da construção e reconstrução de um grande e alto templo - o templo de Anu; nada menos de dezoito estratos ou fases distintas foram aí descobertas, indicando, assim, a existência de razões obrigatórias para a manutenção do templo naquele local sagrado.

O templo de Anu chamava-se E.ANNA ("casa de An"). Mas este simples nome aplicava-se a uma estrutura que, pelo menos em algumas de suas fases, era digna de ser admirada. Era, de acordo com os textos sumérios, "o sagrado E.Anna, o puro santuário". As tradições defendem que os próprios grandes deuses "idealizaram suas partes". "Sua cornija era como o cobre", "sua grande muralha focava as nuvens" - era um local supremo de domicilio; "era a Casa de encanto irresistível e fascínio infinito". E os textos tornam também claro o objetivo do templo, uma vez que lhe chamam "a casa para descer dos céus".

Uma barra que pertenceu a um arquivo em Uruk esclarece-nos sobre a pompa e o fausto que presidiam à chegada de Anu e de sua esposa numa "visita oficial". Devido à danificação da barra, apenas podemos decifrar as cerimônias a partir de um momento intermédio, quando Anu e Antu se acham já sentados na sala de recepções do templo. Os deuses "exatamente na mesma ordem que anteriormente" formaram depois uma procissão à frente e atrás do possuidor do cetro. O protocolo exigia em seguida:

 

Depois eles descerão à exaltada corte,

E voltar-se-ão na direção de Anu.

O Sacerdote da Purificação fará as libações ao cetro,

E o possuidor do cetro entrará e se sentará.

As deidades Papsukal, Nusku e Shala

Sentar-se-ão então na corte do rei Anu.

 

Enquanto isso, as deusas, a "Divina Prole de Anu, As Divinas Filhas de Uruk", carregavam um segundo objeto (cujo nome ou fim não são claros) até ao E.NIR, "A Casa do Leito Dourado e da Deusa Antu". Depois, regressavam em procissão à sala da corte, até o lugar onde Antu estava sentada. Enquanto a refeição da tarde era preparada de acordo com um rígido ritual, um sacerdote especial untava com uma mistura de "bom azeite" e vinho as dobradiças da porta do santuário para o qual Anu e Antu se retirariam à noite - um gesto atencioso com o qual se pretendia (ao que parece) eliminar o rangido das portas durante o sono das duas deidades.

Enquanto uma "refeição da tarde" era servida (várias bebidas e aperitivos), um sacerdote-astrônomo dirigia-se ao "mais elevado piso da torre do templo principal" para perscrutar os céus. Ele estava ali para observar o aparecimento numa específica parte do céu de um planeta chamado Grande Anu do Céu. Ali no topo, ele tinha de recitar as composições intituladas “Aquele que cresce brilhante, o celestial planeta do Senhor Anu" e "A Imagem do Criador ascendeu".

Uma vez descortinado o planeta e recitados os poemas, Anu e Antu lavavam as mãos com água numa tina dourada e começava a primeira parte da festa. Depois, os sete grandes deuses lavavam também as mãos em grandes travessas douradas e dava-se início à segunda parte da festa. O "rito da lavagem da boca" era então cumprido e os sacerdotes recitavam o hino "O Planeta de Anu é o Herói dos Céus". Acendiam-se os archotes, e deuses, sacerdotes, cantores e carregadores de comida organizavam-se em procissão, acompanhando os dois visitantes ao santuário para a noite.

Quatro grandes divindades eram designadas para permanecer na sala da corte montando guarda até o raiar do dia. Outras eram colocadas em vários portões designados. Entretanto, toda a região animava e celebrava a presença dos dois divinos visitantes. A um sinal do templo principal, os sacerdotes de todos os outros templos de Uruk tinham de "usar tochas para acender fogueiras" e os sacerdotes noutras cidades, vendo as fogueiras em Uruk, procediam do mesmo modo. Então:

 

O povo da terra incendiará fogueiras em seus lares,

E oferecerá banquetes a todos os deuses...

Os guardas das cidades acenderão fogueiras

Nas ruas e nas praças.

 

A partida dos dois grandes deuses estava também planejada não só até um dia, como até um minuto.

 

Ao décimo sétimo dia,

Quarenta minutos depois do nascer do Sol,

O portão abrir-se-á perante os deuses Anu e Antu,

Pondo fim à sua estada breve.

 

A parte final desta barra se quebrou, mas outro texto descreve, com todas as probabilidades, a partida: a refeição da manhã, os encantamentos, os apertos de mão ("a posse das mãos") dos outros deuses. Os grandes deuses eram levados até seu ponto de partida em liteiras semelhantes a tronos aos ombros de funcionários do templo. Uma descrição assíria de uma procissão de deidades (embora de uma época mais tardia) dá-nos, provavelmente, uma boa idéia da maneira como Anu e Antu eram levados durante sua procissão em Uruk.

 

 

Eram recitados encantamentos especiais quando a procissão passava através da "Rua dos Deuses", outros salmos e hinos eram cantados à medida que a procissão se aproximava "do cais sagrado" e quando alcançava "o canal do navio de Anu". Proferiam-se então as despedidas e recitavam-se e cantavam-se mais encantamentos "com gestos, erguendo as mãos".

Depois, todos os sacerdotes e funcionários do templo que carregavam os deuses, conduzidos por um grande sacerdote, ofereciam uma oração de partida especial. "Grande Anu, possam céu e terra abençoar-te!", entoavam eles sete vezes. Rezavam então pela bênção dos sete deuses celestiais e invocavam os deuses que estavam no céu e os que andavam por sobre a terra. Por fim, proclamavam o adeus a Anu e Antu deste modo:

 

Possam os deuses das profundezas

E os deuses da residência divina abençoar-vos!

Possam eles abençoar-vos diariamente ­–

Cada dia de cada mês de cada ano!

 

Entre milhares e milhares de descrições dos deuses antigos que foram desenterradas, nenhuma parece descrever Anu. E, no entanto, ele examina-­nos de cada estátua e de cada retrato de cada rei que existiu desde a Antiguidade até nossos próprios dias. Anu não era só o Grande Deus, Rei dos Deuses, mas também aquele por cuja graça outros podiam ser coroados reis. Pela tradição suméria, a chefia dimanava de Anu, e o termo exato para "Reino" era Anutu ("Chefia-Anu"). As insígnias de Anu eram a tiara (o toucado divino), o cetro (símbolo de poder) e o bastão (simbolizando a guia dos pastores).

O bastão do pastor, hoje em dia, pode ser mais facilmente encontrado nas mãos de bispos do que nas de reis. Mas a coroa e o cetro são ainda usados não importando sobre que reis e tronos a humanidade tenha se firmado.

A segunda mais poderosa deidade do panteão sumério era EN.LIL. Seu nome significava "Senhor do Espaço" - é o protótipo e pai dos posteriores Deuses de Tempestade que iriam chefiar os panteões do Mundo Antigo.

Ele era o filho mais velho de Anu, nascido na residência celestial paterna. Mas em algum momento dos longínquos tempos, desceu à terra e tornou-se, deste modo, o principal Deus do céu e da terra. Quando os deuses se reuniam em assembléia na residência celestial, Enlil presidia à reunião ao lado de seu pai. Quando os deuses se reuniam em assembléia na terra, encontravam-se na corte de Enlil, no divino recinto de Nippur, a cidade dedicada a Enlil e o local de seu templo principal, o E.KUR ("casa que é como uma montanha").

Não apenas os sumérios, mas também os próprios deuses da Suméria consideravam Enlil supremo. Chamavam-lhe Governante de Todas as Terras e esclareceram que "no céu - ele é o príncipe; na terra - ele é o chefe". Sua "palavra [ordem] lá no alto fez tremer os céus; cá em baixo, fez a terra estremecer":

 

Enlil,

Cujo comando alcança até longe;

Cuja “palavra" é suprema e sagrada;

Cuja sentença é imutável;

Que decreta destinos ao longo do distante futuro...

Os deuses da terra inclinam-se voluntariamente perante ele;

Os deuses celestiais que estão na terra,

Humilham-se em sua frente;

Aguardam fielmente, de acordo com as ordens.

 

Enlil, segundo as crenças sumérias, chegou à terra muito antes de esta se ter estabelecido e civilizado. Um hino a Enlil, o "Todo-Beneficente", reconta os vários aspectos da sociedade e civilização que não teriam existido sem as instruções de Enlil para que "suas ordens fossem executadas por toda a parte".

 

Cidade alguma teria sido construída; nenhuma colônia fundada;

 




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