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Os Nefilim - Povo dos Foguetes Faiscantes 6 страница



À cabeça dos deuses hititas fisicamente presentes estava a divindade chamada Teshub, que significava o "soprador dos ventos". Ele era aquele a quem os eruditos chamam o Deus da Tempestade, associado a ventos, trovões e relâmpagos. Era também chamado pelo diminutivo Taru ("o touro"). Tal como os gregos, os hititas descreveram a adoração a Taurus; como Júpiter, depois dele, Teshub era descrito como o Deus do Trovão e do Relâmpago, montado em cima de um touro.

 

 

Os textos hititas, como mais tarde as lendas gregas, relatam como sua deidade principal foi obrigada a se defrontar com um monstro para consolidar sua supremacia. Um texto a que os estudiosos chamaram "O Mito do Homicídio do Dragão" identifica o adversário de Teshub como sendo o Deus Yanka. Não conseguindo vencê-lo em batalha, Teshub apelou para os outros deuses à procura de ajuda, mas apenas uma deusa lhe veio dar apoio e aniquilou Yanka, embriagando-o durante uma festa.

Reconhecendo nestes contos as origens da lenda de São Jorge e o Dragão, os estudiosos referem-se ao adversário derrotado pelo "bom" deus como o "dragão". Mas o fato é que Yanka significava serpente e os povos antigos simbolizavam assim o "mau" deus, como se pode ver no baixo-­relevo de uma colônia hitita.

 

 

Também Zeus, como já mostramos, combateu não com um dragão, mas com um deus-serpente. Como mais adiante demonstraremos, havia um profundo significado ligado a estas antigas tradições de luta entre o Deus dos Ventos e uma deidade­-serpente. Aqui, no entanto, apenas podemos acentuar que as batalhas entre os deuses pelo reino divino eram relatadas nos textos antigos como eventos que tinham indubitavelmente ocorrido.

Um conto épico hitita, longo e bem preservado, intitulado Reino do Céu, versa sobre este mesmo assunto - a origem celestial dos deuses. O contador destes acontecimentos pré-mortais invocou primeiro "doze poderosos e antigos deuses" para escutarem seu conto e serem testemunhas de sua precisão:

 

Deixem escutar os deuses que estão no céu,

E aqueles que andam sobre a escura terra!

Deixem-nos escutar, eles, os poderosos antigos deuses.

 

Estabelecendo deste modo, que os deuses de sempre eram tanto do céu, como da terra, a epopéia lista os doze "poderosos e antigos", os predecessores dos deuses; e assegurando-se de sua atenção, o contador prossegue para narrar como foi que o deus que era "o rei do céu" veio para a escura terra:

 

Antigamente, nos dias de outrora, Alalu era deus no céu;

Ele, Alalu, estava sentado no trono.

O poderoso Anu, o primeiro entre os deuses, estava à sua frente,

E inclinado aos seus pés, colocou a taça em sua mão.

Por nove períodos contados, Alalu foi rei do céu.

No nono período, Anu travou batalha com Alalu

Alalu foi derrotado, e fugiu ante Anu ­ -

Ele desceu à escura terra.

Para baixo, para a escura terra veio ele;

E no trono sentou-se Anu.

 

A epopéia atribui, assim, a chegada de um "rei do céu" à Terra à usurpação do trono. Um deus chamado Alalu foi deposto de seu trono (em algum lugar nos céus) pela força, fugindo para se salvar, desceu à "escura terra". Mas isto não foi o fim. O texto prossegue, contando como Anu, a seu tempo, foi também deposto por um deus chamado Kumarbi (o próprio irmão de Anu, segundo algumas interpretações).

Não há dúvida de que esta epopéia, escrita 1.000 anos antes da composição das lendas gregas, é a predecessora do conto que relata a destituição de Urano por Cronos e de Cronos por Zeus. Até o detalhe da castração de Cronos por Zeus pode ser encontrado no texto hitita, uma vez que foi exatamente isto que Kumarbi fez a Anu:

 

Por nove períodos contados Anu foi rei no céu;

No nono período, Anu teve de combater com Kumarbi.

Anu escapuliu-se do alcance de Kumarbi e fugiu ­

Correr, correu ele, subindo ao céu.

Atrás dele se apressou Kumarbi, laçou-o pelo pé;

E arrastou-o dos céus abaixo.

Ele mordeu seus quadris; e a virilidade de Anu,

Combinada com os interiores de Kumarbi fundiu-se como o bronze.

De acordo com esta velha lenda, a batalha não resultou em vitória completa para nenhuma das partes. Embora privado de sua virilidade, Anu conseguiu voar de regresso à sua "residência celestial", deixando Kumarbi controlando a Terra. Entretanto, a "virilidade" de Anu gerou várias deidades nos interiores de Kumarbi, que ele (como Cronos nas lendas gregas) foi forçado a libertar. Uma delas foi Teshub, a principal deidade hitita.

Todavia, mais uma batalha teria de ser travada antes que Teshub pudesse reinar em paz.

Sabendo do aparecimento de um herdeiro para Anu em Kummiya ("residência celestial"), Kumarbi arquitetou um plano para "erguer um rival ao Deus das Tempestades". "Em sua mão ele tomou seu bastão; em seus pés ele colocou os sapatos céleres como os ventos", e partiu de sua cidade de Ur-Kish para a abóbada da Dama da Grande Montanha. Alcançando-a.

 

O seu desejo cresceu;

Ele dormiu com a Dama da Montanha;

A sua virilidade fluiu para ela.

Cinco vezes ele a tomou...

Dez vezes ele a tomou...

 

Kumarbi era apenas luxurioso, lascivo? Temos razões para acreditar que algo mais estava envolvido. Nossa suposição é que as leis de sucessão dos deuses eram tais que diziam que um filho de Kumarbi e da Dama da Grande Montanha podia alegar ser ele o herdeiro do trono celestial, e que Kumarbi "tomou" a deusa cinco e dez vezes para ficar seguro de que ela concebera, como realmente aconteceu. Ela deu à luz um filho, a quem Kumarbi simbolicamente chamou de Ulli-Kummi ("supressor de Kummiya", residência de Teshub).

A batalha pela sucessão foi prevista por Kumarbi como algo que imporia a luta nos céus. Destinando seu filho para suprimir os beneficiados de Kummiya, Kumarbi aclamou mais tarde seu filho:

 

Que ele ascenda aos céus para reinar!

Que ele domine Kummiya, a bela cidade!

Que ele ataque o Deus das Tempestades,

E o rasgue em pedaços como um mortal!

Que ele expulse todos os deuses do céu!

 

Será que as batalhas particulares travadas por Teshub sobre a terra e nos céus ocorreram quando a Idade de Taurus começou, por volta do ano 4.000 a.C.? Foi por essa razão que ao vencedor se concedia a associação com o Touro? E estariam os acontecimentos de qualquer modo ligados ao início, exatamente na mesma época, da súbita civilização suméria?

Não há dúvida de que o panteão hitita e as lendas dos deuses têm, de fato, suas raízes na Suméria, assim como sua civilização e seus deuses.

O conto do desafio ao trono divino por Ulli-Kummi continua relatando as batalhas heróicas, mas de natureza não decisiva. Em certo sentido, o fracasso de Teshub em derrotar seu adversário levou sua esposa Hebat a tentar o suicídio. Finalmente, foi feito um apelo aos deuses para que moderassem a contenda e foi convocada uma assembléia dos deuses. Ela foi dirigida por um "vetusto deus" chamado Enlil, e outro "vetusto deus" chamado Ea, que foi chamado para fazer "as velhas barras com as palavras do destino" - uns registros antigos que aparentemente podiam decidir a disputa a respeito da sucessão divina.

Quando os registros falharam na tentativa de sanar a disputa, Enlil anunciou outra batalha com o desafiante, mas com a ajuda de algumas armas muito antigas. "Ouçam, vocês, antigos deuses, vocês que conhecem as velhas palavras", disse Enlil a seus seguidores:

 

Abram vocês os antigos depósitos

De vossos pais e daqueles que viveram antes!

Apresentem à luz a Velha Lança de Bronze

Com a qual o céu foi separado da terra;

E deixem-nos separar os pés a Ulli-Kummi.

 

Quem eram estes "velhos deuses"? A resposta é óbvia, uma vez que todos eles - Anu, Antu, Enlil, Ninlil, Ea, Ishkur - possuem nomes sumérios. Até o nome de Teshub, assim como o de outros deuses "hititas", eram freqüentemente redigidos na escrita suméria para simbolizar suas identidades. Do mesmo modo, alguns dos locais nomeados na ação eram os de velhas cidades sumérias.

Esclareceu os eruditos o fato de que os hititas adorassem, realmente, um panteão de origem suméria e que a arena dos contos dos “velhos deuses” fosse a Suméria. Isto, no entanto, era apenas parte de uma mais extensa descoberta. Descobriu-se não apenas que a língua hitita se baseava em vários dialetos indo-europeus, como também se percebeu que eles foram objeto de uma substancial influência acádia no discurso e mais ainda na escrita. Desde o momento em que o acádio se tornou a língua internacional do Mundo Antigo no 2º. milênio a.C., sua influência no hitita pôde, de certo modo, ser racionalizada.

Mas houve motivos para um verdadeiro espanto quando os estudiosos descobriram durante o curso da decifração do hitita que este aplicava amplamente signos pictográficos, sílabas e até palavras inteiras do sumério! Ainda mais óbvio se tornou que o sumério era a língua de altos estudos. A língua suméria, nas palavras de O.R. Gurney (The Hitites) [Os Hititas], "era intensivamente estudada em Hattu-Shash [a cidade principal] e lá foram encontrados vocabulários sumério-hititas... Muitas das sílabas associadas com os signos cuneiformes no período hitita são realmente palavras sumérias cujo significado fora esquecido [pelos hititas]... Nos textos hititas os escribas substituíam freqüentemente palavras comuns hititas pela correspondente palavra sumério-babilônica".

Assim, quando os hititas alcançaram a Babilônia algum tempo depois do ano 1.600 a.C., já os sumérios desapareceram há muito da cena do Oriente Médio. Como foi então que sua língua, literatura e religião puderam dominar outro grande reino noutro milênio e noutra parte da Ásia?

Os estudiosos descobriram recentemente que a fonte foi um povo chamado hurrita.

Referidos no Antigo Testamento como os horitas ("povo livre"), eles dominaram a extensa área entre a Suméria e a Acádia, na Mesopotâmia, e o reino hitita, na Anatólia. Ao norte, seus territórios eram as antigas "terras de cedros", das quais países próximos e longínquos obtinham suas melhores madeiras. No leste, seus centros abrangiam os atuais campos petrolíferos do Iraque; só numa cidade, Nuzi, os arqueólogos descobriram não apenas as estruturas comuns e artefatos, como também milhares de documentos legais e sociais de enorme valor. No oeste, o governo e a influência dos hurritas estendiam-se até a costa mediterrânea e abrangiam antigos centros de comércio, indústrias e cultura tão importantes como os de Carchemish e Alalakh.

Mas as rédeas do seu poder, os principais centros das velhas rotas de comércio e os locais dos mais adorados santuários, situavam-se no território central que ficava "entre os dois rios", a bíblica Naharayin. Sua mais antiga capital (ainda não descoberta) estava localizada em algum lugar ao longo do rio Khabur. Seu mais importante centro comercial, junto ao rio Balikh, era a bíblica Haran - a cidade onde a família do patriarca Abraão permaneceu temporariamente em seu caminho de Ur, na Mesopotâmia Sul, até a Terra de Canaã.

Os documentos reais egípcios e mesopotâmicos referem-se ao reino hurrita como Mitanni e tratam-no de igual para igual - um forte poder cuja influência se espalhou para além de suas fronteiras imediatas. Os hititas chamam aos seus vizinhos hurritas, "hurri". Alguns estudiosos salientam, contudo, que a palavra pode também ser lida "har" (tal como G. Conteneau em La Civilisation des Hitites et des Hurrites du Mitanni) [A Civilização dos Hititas e dos Hurritas de Mitanni] e adiantaram a hipótese de que no nome "harri" se possa ver o nome "ary" ou arianos para designar esse povo.

Não há dúvida de que os hurritas eram originalmente arianos ou indo-­europeus. As suas inscrições invocam várias deidades pelos seus nomes védicos "arianos"; seus reis têm nomes indo-europeus e sua terminologia militar e de cavalaria deriva do indo-europeu. B. Hrozny, que nos anos 20 empenhou-se em deslindar os registros hititas e hurritas, foi tão longe que chama aos hurritas "os mais antigos hindus".

Estes hurritas dominaram os hititas cultural e religiosamente. Os textos mitológicos hititas acusam a proveniência hurrita e até os contos épicos de heróis pré-históricos e semi-divinos são de origem hurrita. Não há já lugar para mais dúvidas acerca do fato de os hititas adquirirem sua cosmologia, seus "mitos", seus deuses e seu panteão de doze através dos hurritas.

A tripla ligação - entre origens arianas, adoração hitita e fontes hurritas destas crenças - está notavelmente bem documentada numa súplica religiosa hitita proferida por uma mulher pela salvação de seu marido doente. Endereçando sua oração à deusa Hebat, a esposa de Teshub, ela entoa:

 

Oh, Deusa do Nascente Disco de Arynna,

Minha Senhora, ama das terras de Hatti,

Rainha dos céus e da terra...

Na região Hatti, é o teu nome

"Deusa do Nascente Disco de Arynna";

Mas na terra que tu dominas,

Na terra dos cedros,

Aí tu tens o nome de "Hebat”.

 

Com tudo isto, a cultura e a religião adotadas e transmitidas pelos hurritas não podem realmente ser indo-européias. Até sua língua não era verdadeiramente indo-européia. Claro, havia traços acádios na língua, cultura e tradições hurritas. O nome da capital, Washugeni, era uma variante do semita resh-eni ("onde as águas começam"). O rio Tigre chamava-se Aranzakh, que (acreditamos) tem sua raiz etimológica nas palavras acádias para "rio dos puros cedros". Os deuses Shamash e Tashmetum tornaram-se em hurrita Shimiki e Tashimmetish, e por aí adiante.

Mas, uma vez que a cultura e a religião acádias eram simplesmente um desenvolvimento das tradições e crenças originais sumérias, os hurritas absorveram e transmitiram, de fato, a religião da Suméria. Que isto se passou assim, evidencia-se também no freqüente uso dos nomes sumérios originais para deuses, epítetos e signos da escrita.

Os contos épicos, apurou-se, eram os contos da Suméria; os locais de deambulação dos velhos deuses eram as cidades sumérias; a "velha língua" era a língua da Suméria. Até a arte hurrita duplicou a arte suméria - suas formas, seus temas e seus símbolos.

Quando e como aconteceu a "transmutação" dos hurritas pelo "gene" sumério?

As provas sugerem que os hurritas, vizinhos do norte dos sumérios e dos acádios no 2º. milênio a.C., tinham-se, realmente, misturado aos sumérios no milênio anterior. É fato estabelecido que os hurritas estavam presentes e ativos na Suméria no 3º. milênio a.C., que mantinham importantes posições na Suméria desde seu último período de glória, o da terceira dinastia de Ur. Há provas que afirmam que os hurritas dirigiram e equiparam a indústria de vestuário pela qual a Suméria (e especialmente Ur) era conhecida na Antiguidade. Os comerciantes famosos de Ur eram provavelmente hurritas em sua maior parte.

No século 13 a.C., sob a pressão de grandes migrações e invasões (incluindo a fuga israelita do Egito para Canaã), os hurritas recuaram até a posição nordeste do seu reino. Estabelecendo sua nova capital perto de Lake Van, eles chamaram Urartu ("Ararat") ao seu reino. Aí adoraram um panteão chefiado por Tesheba (Teshub), representando-o como um vigoroso deus usando um capacete de chifres, de pé em cima de seu símbolo de culto, o touro. Eles chamaram ao seu principal santuário Bitanu e dedicaram-se a fazer de seu reino "a fortaleza do vale de Anu".

E Anu, como veremos, era o pai sumério dos deuses.

 

E que foi feito da outra avenida através da qual os contos e a adoração aos deuses alcançaram a Grécia, da costa leste ao Mediterrâneo, via Creta e Chipre?

Os territórios que incluem atualmente Israel, o Líbano e a Síria Meridional e que formavam a região sudoeste do antigo Crescente Fértil eram, então, o habitat de povos que podem ser agrupados sob a designação de cananitas. Uma vez mais, tudo o que se sabia há até pouco tempo sobre eles aparecia em referências (a maior parte das vezes contraditórias) no Antigo Testamento e disperso em inscrições fenícias. Ainda os arqueólogos começavam a compreender os cananitas quando duas descobertas vieram à luz. Uma, foram certos textos egípcios em Luxor e Saggara, e a outra, muito mais importante, foram textos históricos, literários e religiosos desenterrados num centro importante cananita. O local agora chamado Ras Shamra, na costa Síria, era a antiga cidade de Ugarit.

A língua das inscrições de Ugarit, a cananita, era aquela a que os estudiosos chamam semita ocidental, um ramo do grupo de línguas que inclui também o antiqüíssimo acádio e o atual hebreu. Na verdade, quem quer que saiba ler hebraico pode com relativa facilidade compreender as inscrições hititas. A língua, o estilo literário e a terminologia têm reminiscências do Antigo Testamento.

O panteão que se desvenda nos textos cananitas possui muitas semelhanças com o grego posterior. À cabeça do panteão cananita há também uma divindade suprema chamada El, uma palavra que tem, tanto no nome pessoal do deus, como no termo genérico, o sentido de "elevada deidade". Ele era a autoridade final em todos os negócios humanos ou divinos. Ab Adam ("pai dos homens") era seu título, o Generoso, o Misericordioso, seus epítetos. Era o "criador das coisas criadas, e o único que sozinho podia conceder domínio".

Os textos cananitas ("mitos" para a maioria dos eruditos) representam El como uma deidade sábia e idônea que se mantinha afastada dos negócios quotidianos. Sua residência ficava longe, nas "nascentes dos dois rios", o Tigre e o Eufrates. Aí, tomando assento em seu trono, recebia emissários e contemplava os problemas e disputas que os outros deuses traziam à sua presença.

Uma estela encontrada na Palestina descreve uma idônea divindade sentada num trono e a quem é servida uma bebida por uma deidade mais jovem. A divindade que está sentada usa um toucado cônico adornado de chifres, uma marca dos deuses, como vimos, desde os tempos pré­-históricos, e a cena é dominada pelo símbolo de uma estrela alada, o onipresente emblema que iremos encontrar cada vez mais freqüentemente. É aceite, de modo geral, pelos eruditos que este relevo esculpido representa El, a principal deidade cananita.

 

 

El, no entanto, nem sempre era um velho senhor. Um de seus epítetos era Tor (significando "touro"), simbolizando (acreditam os estudiosos) sua destreza sexual e seu papel como pai dos deuses. Um poema cananita chamado "O Nascimento dos Graciosos Deuses" coloca El à beira-mar (provavelmente nu) na companhia de duas mulheres encantadíssimas com as proporções de seu pênis. Enquanto um pássaro morria de calor na praia, El teve relações físicas com as duas mulheres, e, deste modo, nasceram os dois deuses, Shahar ("alvorada") e Shalem ("conclusão" ou "crepúsculo").

Estes não foram nem seus únicos filhos nem seus principais filhos varões (aparentemente, ele teve sete). Seu filho mais importante foi Baal ­de novo, o nome pessoal da deidade é também o termo genérico para "senhor". Tal como os gregos fizeram em seus contos, os cananitas falaram dos desafios feitos pelo filho à autoridade e governo do seu pai. Tal como El, seu pai, Baal era aquilo a que os estudiosos chamam um Deus de Tempestades, um Deus de Trovões e Relâmpagos. Um diminutivo de Baal era Hadad ("o astuto"). Suas armas eram o machado de guerra e a lança relampejante; seu animal de culto, como o de El, era o touro, e, como El, era representado usando o toucado cônico adornado com um par de chifres.

Baal tinha também o nome de Elyon ("supremo"), ou seja, o príncipe reconhecido, o herdeiro visível. Mas Baal não conquistara este título sem lutar, primeiro com seu irmão Yam ("príncipe do mar") e depois com Mot, também seu irmão. Um longo e comovente poema, reunido passo à passo através de numerosas barras fragmentadas, começa com a intimação do "Mestre Artesão" à abóbada de El, "às fontes das águas, por entre as nascentes dos dois rios":

 

Ele vem através dos campos de El

Entra no pavilhão do Pai dos Anos,

Inclina-se aos pés de El, cai,

Prostra-se, prestando homenagem.

 

Ao Mestre Artesão é ordenado que erija um palácio para Yam como marco de sua subida ao poder. Incentivado por este fato, Yam envia seus mensageiros para a assembléia dos deuses, para exigir de Baal sua rendição. Yam instrui seus emissários no sentido de serem provocadores, e os deuses, reunidos em assembléia, capitulam, de fato. Mesmo El aceita a nova hierarquia entre seus filhos. "Baal é o teu escravo, ó Yam", declara ele.

A supremacia de Yam seria, contudo, de pouca duração. Armado de duas "divinas armas", Baal lutou com ele e derrotou-o apenas para ser desafiado por Mot (o nome significava "assassino"). Nesta contenda, Baal foi rapidamente dominado, mas sua filha Anat recusou-se a aceitar a retirada de Baal como definitiva. "Ela capturou Mot, o filho de El, e cravou-­o com uma espada.”

De acordo com a lenda cananita, a destruição de Mot levou à miraculosa ressurreição de Baal. Os estudiosos tentaram raciocinar sobre o relato, sugerindo que todo o conto era simplesmente alegórico, representando nada mais que uma história da luta anual do Oriente Médio entre os verões quentes e sem chuva que secam a vegetação e a vinda da estação chuvosa no outono, que faz reviver, ou "ressuscitar", a vegetação. Mas não há dúvida de que a lenda cananita não tinha nenhuma pretensão de ser alegórica. Ela relatava, sim, os acontecimentos que se acreditava serem verdadeiros na época, ou seja, como é que os filhos da deidade principal lutaram entre si e como é que um deles, recusando a derrota, reaparece para se tornar o herdeiro aceite, fazendo El rejubilar:

 

El, o generoso, o misericordioso, rejubila.

Ele assenta seus pés no escabelo.

Ele abre sua garganta e ri;

Aqui me sentarei e tranqüilizarei,

A alma repousará em meu peito;

Porque Baal, o poderoso, está vivo,

Porque o Príncipe da Terra existe!

 

Assim, Anat, de acordo com as tradições cananitas, manteve-se ao lado de seu irmão, o Senhor (Baal), ao longo de sua luta de vida ou de morte com o diabólico Mot. O paralelo entre isto e a tradição grega que nos fala da deusa Atena permanecendo junto do supremo deus Zeus em sua luta de morte com Tífon, é demasiado óbvio. Atena, como vimos, era chamada a "perfeita donzela", mantendo, no entanto, muitos casos de amor ilícitos. Da mesma forma, as tradições cananitas (que precederam as gregas) empregaram o epíteto "A Donzela Anat", e, a despeito disto, não deixam de proceder ao relato de seus vários casos amorosos, especialmente dos que envolviam seu próprio irmão Baal. Um texto descreve a chegada de Anat à residência de Baal no monte Zafon, e a apressada licença de saída que Baal concede às suas esposas. Depois, ele atira-se aos pés de sua irmã; olham-se nos olhos e roçam-se mutuamente os "chifres":

 

Ele avalia e toma o colo dela...

Ela avalia e toma suas “pedras”

.. A donzela Anat... concebe e dá à luz.

 

Não admira que Anat seja freqüentemente representada completamente nua, para salientar seus atributos sexuais - como na impressão de um selo que ilustra um Baal de elmo batalhando com outro deus.

 

 

Tal como a religião grega e seus predecessores diretos, o panteão cananita incluía uma deusa-mãe, consorte oficial da deidade reinante. Chamavam-lhe Ashera, e é a correspondente da deusa grega Hera. Astarte (a bíblica Ashtoreth) é o paralelo de Afrodite e seu consorte comum era Athtar, a quem um brilhante planeta estava associado, e cujo paralelo é, provavelmente, Ares, o irmão de Afrodite. Havia outras jovens divindades masculinas e femininas cujos paralelos astrais e gregos podem ser facilmente subentendidos.

Mas, para além destas deidades, havia os "vetustos deuses", indiferentes aos negócios mundanos, mas disponíveis quando os próprios deuses se viam envolvidos em qualquer problema grave. Algumas de suas esculturas, mesmo parcialmente danificadas, mostram-nos com um aspecto autoritário, como seres reconhecíveis pelo seu adorno de chifres.

 

 

Pela parte que lhes diz respeito, por onde teriam os cananitas duplicado os modelos de sua cultura e religião?

 




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